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Aos 106 anos, moradora de Diadema se cura da Covid

Joana Bento dos Santos é a pessoa mais velha a se recuperar da doença no Grande ABC

Flavia Kurotori
Diário do Grande ABC
05/07/2020 | 00:02
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DGABC


No auge dos 106 anos, Joana Bento dos Santos, moradora de Diadema, recebeu alta médica após se curar da Covid-19 na última semana, sendo a pessoa mais velha da região a se recuperar da doença. Após quase 30 dias com “dor na goela”, um “negócio que incomodava” no nariz (cateter de oxigênio) e se alimentando apenas com “caldinhos”, dona Joana ou Jô, como é chamada no residencial para idosos onde vive há dois anos, encara a vida com bom humor.

De gargalhada fácil, ela contou que uma das coisas que mais gosta de fazer é comer. Entre os alimentos preferidos estão ovo e peixe, principalmente o bacalhau, fora “tudo que tem açúcar”, como o chocolate. Assim, a falta de alimentos sólidos foi um dos principais obstáculos da luta contra o novo coronavírus.

"Acorda, Maria Bonita/Levanta, vai fazer o café/Que o dia já vem raiando/E a polícia já está de pé” são os versos que Dona Joana mais gosta de cantar. Inclusive, ela canta a marchinha de Carnaval, lançada em 1957, logo que acorda. Em dia de festa, como a Festa Junina realizada no dia seguinte a sua alta, ela aproveitou para dançar, mostrando que não há limite de idade para se divertir.
Jô se mudou para o Lar Alcina, no Centro de Diadema, há dois anos, após ser encaminhada ao local pela Prefeitura. Fora do residencial para idosos, ela vivia com o filho e não tinha emprego formal, sempre se sustentando com a aposentadoria.

TRATAMENTO - Embora seja considerada do grupo de risco em razão da idade avançada, Jô não possui comorbidades que pioram o quadro clínico da Covid. No mês que passou internada, teve algumas complicações, como um abscesso facial e queda na saturação do oxigênio. Contudo, os problemas foram contornados com ajustes na medicação, introdução do CPAP (Contiunous Positive Airway Pressure</CF> ou Equipamento de Pressão Positiva, em português) e fisioterapia respiratória em todas as etapas do tratamento.

No residencial onde dona Jô vive, 12 pessoas, entre 52 idosos e 45 funcionários, foram diagnosticados com a doença, que começou a atingir o endereço em meados de maio. Entretanto, os moradores não foram levados ao hospital, uma vez que a casa de repouso montou estrutura de acordo com protocolos da vigilância sanitária para lidar com possíveis casos da Covid.

“O residente mais jovem tem 75 anos e a maioria tem alguma comorbidade, então, estávamos lidando com um risco diferente e pensamos desde o início, em março, como iríamos fazer se a doença chegasse aqui”, afirmou Michel Haddad, cardiologista responsável pelo tratamento de Jô.
Primeiras ações foram a proibição de visitas de familiares e amigos, intensificação dos protocolos de higiene e, em espaço separado da área de convivência, foi montada estrutura para tratar de potenciais casos de Covid. “Avaliamos todos os protocolos com a vigilância (sanitária) e nos preparamos para atender aqui. Se um idoso vai ao hospital, pode acabar sendo entubado, mas sair da entubação é muito complexo para quem tem mais de 60 anos”, explicou Haddad.

A partir de então, o idoso que apresentasse algum sintoma respiratório era isolado no espaço. Além da medicação prescrita de acordo com cada quadro clínico, a equipe contava com um equipamento móvel para tirar raio X do tórax dos pacientes e do CPAP para evitar a entubação. Desta maneira, os idosos que foram tratados por eles se recuperaram totalmente e, atualmente, o residencial está sem casos de contaminação pelo novo coronavírus.

“Saber que as famílias confiam em nós para cuidar dos idosos nestes tempos é uma satisfação muito grande. Isso tudo é possível por causa da equipe comprometida que formamos”, assinalou Fernando Tavares, proprietário do Lar Alcina e fundador do Instituto Assistencial Lar de Idosos, que recebe idosos em situação de vulnerabilidade encaminhados pela Prefeitura. 




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