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Solidariedade provoca corrente do bem na crise

Padaria andreense recebe ajuda para produção e doa alimentos para entidades carentes

Vinicius Castelli
Do Diário do Grande ABC
05/05/2020 | 00:01
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Denis Maciel/DGABC


Forno aceso, massa dourando aos poucos e aquele cheiro único de pão sendo assado. É assim que acontece há 52 anos na Padaria Jardim Santo Alberto, situada na Rua Evangelista de Sousa, 1.482, em Santo André. O espaço foi aberto em 1968 pelos irmãos Serafim e Luiz, portugueses que aportaram no Brasil nos anos 1940. Desde que começou a funcionar, o forno nunca mais foi apagado. E agora não poderia ser diferente, apesar das dificuldades e incertezas que chegaram junto com a pandemia da Covid-19.

Capitaneada hoje por Márcio Godinho, 49 anos, filho de Serafim, a padaria acaba de degustar gesto de solidariedade. A pandemia chegou, veio o fechamento, decretado pelo governo do Estado, de estabelecimentos não essenciais, além das mudanças que locais como padarias, por exemplo, teriam de realizar.

Além da panificação, o espaço serve almoço, lanche e pizza. Ele teve de parar de servir comida lá dentro, por exemplo. “Tenho 25 colaboradores, fiquei desesperado e preocupado em como manter ao menos o mínimo”, explica Godinho, que já sofria com a possibilidade de ter de desligar um padeiro.

Godinho comentou a situação com amigos e um deles, o andreense Hilton Aparecido Magri Lúcio, 49, diretor executivo da Antea Group, empresa que presta consultoria para empresas, inclusive do mercado de bebidas, ofereceu ajuda, por meio de seu trabalho.

“Pedi para dar uma melhorada no preço do pão e adiantei seis meses de produção. E disse para me pagar em pão”, explica Lúcio. Mas o alimento não vai para sua casa nem para a empresa onde trabalha.

Serão doados 200 pães todas as manhãs, por cinco meses, para duas instituições: Apoio (www.apoio-sp.org.br) e Desafio Jovem Santo André (desafiojovemsantoandre.com.br). “São 100 para cada toda manhã”, diz Godinho. A doação foi feita por meio do projeto chamado Mesa Brasil Sesc, que atende, prioritariamente, pessoas em situação de vulnerabilidade social e nutricional assistidas por entidades sociais cadastradas.

“A ideia é preservar um pequeno negócio em Santo André e manter a economia rodando”, diz Lúcio. “E ainda ajuda instituições que dependem de doações. Se essas padarias e restaurantes se extinguirem, meus clientes vão sentir e eu também. Tudo está interligado”, explica. O aporte que Hilton fez ajudou a manter custos fixos para a padaria seguir com a produção normal. “Espero que essa corrente se propague. Vamos sair dessa fortalecidos”, diz Godinho.




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