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Prefeitura custeia todo processo de cirurgia bariátrica na rede municipal

São Caetano é a primeira cidade do Estado a oferecer programa com recursos próprios

Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
21/07/2018 | 07:00
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Claudinei Plaza


 A Prefeitura de São Caetano se responsabilizou, desde o início do programa de endoscopia e cirurgia bariátrica, por todo o custeio do procedimento, desde o pré-operatório à cirurgia plástica corretiva – última etapa do processo. A cidade é a primeira e única no Estado a oferecer cirurgia bariátrica com recursos do próprio município e avaliou que o tratamento ofertado, inclusive, chega a ser de duas a três vezes mais econômico aos cofres públicos em comparação a tratamento de obesos crônicos. A primeira cirurgia na retomada do programa foi na quarta-feira, no novo centro cirúrgico do Hospital Márcia Braido.

Os pacientes selecionados para a realização da cirurgia recebem acompanhamento especializado gratuito em quatro etapas: pré-operatório, procedimento cirúrgico, pós-operatório e acompanhamento. Depois que o paciente alcança a perda de peso esperada, a cidade oferece também a cirurgia plástica corretiva, para que possa remover o excesso de pele.

Gastroenterologista, Paulo Fernando Regina, cirurgião da equipe, diz que o preparo para a cirurgia leva cerca de 60 dias, durante os quais são realizadas consultas com cardiologista, pneumologista, psicólogo e nutricionista. “Após a cirurgia e período de recuperação (pós-operatório), o paciente continua fazendo acompanhamento durante o período de um ano, em consultas regulares uma vez por mês.”

Todo o processo, desde o pré-operatório até a cirurgia corretiva, custa para a Prefeitura em torno de R$ 32 mil. A cidade terá investimento anual de aproximadamente R$ 3,5 milhões.

De acordo com a secretária de Saúde Regina Maura Zetone, a obesidade mórbida está diretamente relacionada à ocorrência de diversas doenças, que geram altos custos de internação, mas ressalta que há também outros ganhos ao paciente, como a recolocação no mercado de trabalho, qualidade nos relacionamentos interpessoais, facilidade de mobilidade e interação social. “Esses procedimentos representam qualidade de vida, pois a obesidade não é um problema estético. Existem várias comorbidades que acompanham, entre as quais outras doenças, além de aspectos sociais, como emprego e mobilidade.”

O prefeito do município, José Auricchio Júnior (PSDB), reforça que a cidade é “vanguarda” na ação. “Embora tenhamos equipe qualificada, equipamentos novos e instalações de primeiro mundo, o pioneirismo que estamos apresentando é, de fato, investir na população. Um custo de investimento que vai evitar um monte de despesas, até maiores, depois.”

O chefe do Executivo ressalta o fato de o programa ser realizado apenas com recursos municipais. “Somos o único município brasileiro a fazer cirurgia bariátrica, por videolaparoscopia e inserção de balão gástrico, sem parceria com o SUS (Sistema Único de Saúde), e esse é nosso maior diferencial”.


RETOMADA

Com 165 pessoas na fila de espera, o município deu início às cirurgias bariátricas no último dia 18. A novidade foi a ampliação no atendimento, que passa a realizar uma cirurgia por semana. O programa, iniciado em 2008, realizava um procedimento a cada 30 dias.

Até o início de 2013 – quando foi interrompido –, 224 pessoas foram operadas. A meta para este novo ciclo é que sejam realizadas 100 cirurgias ao ano, o que será possível com a infraestrutura cirúrgica completamente revitalizada e aparelhada. As operações serão todas feitas no novo centro cirúrgico do Hospital Márcia Braido, reinaugurado em maio deste ano.

 

Primeira cirurgia na rede registra sucesso

Após oito anos de espera, a paciente Anna Paula Montagnane, 33 anos, foi a primeira selecionada para realizar a cirurgia bariátrica por videolaparoscopia na rede de Saúde de São Caetano.

Moradora do bairro Santa Paula, Anna aguardava na fila de espera desde novembro de 2010. Com 144 quilos, a mãe de dois filhos – Sophia, 10, e o caçula Ricardo, 8 – sofria com diversos problemas de saúde, decorrentes do sobrepeso.

Além da dor nas pernas, que dificultava para andar, Anna apresentou quadro de hipertensão, desconforto respiratório e artropatias (problemas nas articulações resultantes da sobrecarga de peso).

Para poder se submeter a uma gastroplastia ela fez avaliações com especialistas e precisou perder 5% de seu peso – antes pesava 152 quilos. Agora, a expectativa da equipe médica é que ela consiga perder mais 50 quilos.

“A busca pela cirurgia de redução de estômago (bariátrica) foi por questões de Saúde. Com dois filhos pequenos, sendo que o menor é autista e, por necessidades especiais, demanda tratamento com terapias e muito mais atenção, não dava para continuar sem conseguir andar e sentindo tantas dores nas pernas”, explicou Anna.

Com dois dias de internação, a primeira operada recebeu alta na tarde de ontem. Com recuperação rápida, a pedagoga, que deixou de trabalhar para cuidar do filho, comemora: “Nem parece que passei por cirurgia. Não sinto dor nenhuma, estou andando e cheia de animação”.

 

O cirurgião Paulo Fernando Regina disse que o procedimento de Anna durou aproximadamente uma hora e 30 minutos, tempo padrão esperado. “A recuperação está muito boa. A expectativa é que em um ano alcance o objetivo de perder 12% de peso (cerca de 50 quilos).” Na próxima quarta-feira será realizada a segunda cirurgia, seguindo rotina de quatro a seis procedimentos por mês.




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