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Ocupação em Mauá aguarda solução na Justiça desde 2015

Área privada, no Jardim Taquarussu, concentra 830 famílias; estrutura de vida é precária, sem saneamento e com ligações clandestinas de água e luz

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
17/04/2018 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


 Área invadida no Jardim Taquarussu, em Mauá, é objeto de pedido de reintegração de posse na Justiça desde janeiro de 2015. No entanto, a ocupação – iniciada em setembro de 2014 – cresceu e se consolidou. Hoje, 830 famílias vivem no local com água e energia clandestinas, sem rede de esgoto e em meio ao lamaçal.

O terreno de 117 mil metros quadrados era de propriedade da empresa Universal Participações, sucedida por Perseverança Brasil Serviços Comércio Construtora Limitada. Os ocupantes propuseram a compra do espaço e inquérito civil de regularização e recomposição de danos ambientais foi instaurado pelo Ministério Público. Como o local se trata de área de manancial, é necessário que laudo da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) aponte a viabilidade de torná-lo ZEI (Zona Especial de Interesse Social).

Segundo consta no andamento do processo, a previsão de resposta do órgão ambiental era janeiro de 2018, o que até agora não se concretizou. Procurada pelo Diário, a Cetesb informou que, por problemas no e-mail corporativo, não seria possível retornar as informações até o fechamento desta edição.

Enquanto isso, a empresa proprietária da área aguarda a retomada do espaço. Já os moradores convivem com a angústia diária de serem desabrigados a qualquer momento. “Meu marido e eu estamos desempregados. Se tirarem a gente daqui, não temos para onde ir”, fala Jessica Pereira, 26 anos. Ela chegou à ocupação há dois anos para fugir do aluguel de R$ 600 do Jardim Cerqueira Leite. Em uma parte do terreno construiu dois cômodos com materiais doados, onde vivem, além do casal, dois filhos, um de 5 anos e outro de apenas 6 meses.

O pedreiro Nivaldo Oliveira Silva, 38, recorda que, quando chegou à área, havia apenas 20 pessoas no local. Para erguer os quatro cômodos que o abrigam, junto com a mulher e dois filhos adolescentes, investiu R$ 30 mil. “A gente fica com medo (de ser despejado), mas não tem outro jeito.”

A incerteza soma-se aos transtornos que a falta de infraestrutura traz. Andar pela área depois da chuva é um problema, principalmente para as crianças, ao irem para a escola. O jeito dado por Rayanne Beatriz, 8, para preservar o tênis e chegar com eles limpos à aula foi envolver os pés em sacolas plásticas. “É muito chato ter de fazer isso. Queria uma rua limpa”, diz.

A presidente da Associação de Moradores Terra Prometida, Juliane Cristina de Oliveira, 29, ressalta que os ocupantes querem negociar a compra da área. “Não queremos nada de graça”, salienta. O valor ofertado pela empresa proprietária, porém, é de R$ 8 milhões.

Segundo o advogado da empresa, João da Costa Faria, o terreno não possui dívidas com a Prefeitura e a administração municipal quer ajudar “a encontrar uma solução conciliatória”. A Prefeitura não se manifestou até o fechamento desta edição.

 




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