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Qualidade do ar piora no Grande ABC

São Caetano é segunda do Estado no ranking da poluição,
por conta das altas concentrações de ozônio na atmosfera

Cadu Proieti
Do Diário do Grande ABC
06/04/2012 | 07:00
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A qualidade do ar piorou no Grande ABC em 2011, segundo relatório divulgado pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). Quatro estações medidoras da estatal, localizadas em Santo André, Mauá, Diadema e São Caetano, registraram aumento de dias em que a concentração de ozônio na atmosfera ultrapassou o nível padrão, tornando o ar inadequado para respiração (veja mais no quadro abaixo).

A má qualidade do ar relacionada à concentração de ozônio está diretamente ligada às condições meteorológicas e ao excesso de emissão de poluentes, sobretudo pelos veículos. A poluição se dispersa em dias com alta velocidade do vento. Por isso, a Cetesb classifica como ar inadequado quando a concentração de ozônio passa do limite estipulado por mais de uma hora.

As estações São Bernardo e Santo André-Paço não realizaram medição durante todo o ano. Por isso, os dois equipamentos não possuem representatividade suficiente para entrar nas estatísticas de 2011.

A estação de monitoramento de São Caetano foi a segunda do Estado que mais registrou ultrapassagens nos níveis padrão e de atenção. No ano passado, foram 58; em 19 deles, foi alcançado o nível de atenção. A primeira do ranking é a estação localizada na Cidade Universitária, Capital, com 72 dias de ar inadequado devido à concentração de ozônio.

O secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do município, Osvaldo Aparecido Ceoldo, acredita que para melhorar a qualidade do ar são necessárias ações conjuntas. "Tem de ser algo regional. O que mudaria este cenário, de fato, seria reduzir o número de veículos nas ruas. O ideal é diminuir 50% da frota diária, mas, se isso acontecer, a cidade para. Resolver este problema é uma dificuldade metropolitana."

Ceoldo afirma que a cidade tem população e território pequenos, mas recebe grande quantidade de veículos de outros locais. Para ele, isso colabora para o aumento de ozônio na atmosfera.

O secretário também disse que a população precisa ter consciência ambiental. "Os cidadãos tem de pensar em usar menos o carro. Porém, não temos estrutura de transporte público para suportar esta atitude. A resolução deste problema é complexa e envolve vários setores", relatou. "As pessoas têm de pensar que, se querem respirar melhor, têm de poluir menos", completou.

A gerente da divisão de qualidade do ar da Cetesb, Maria Helena Martins, explica que a piora na qualidade do ar no ano passado não foi realidade só no Grande ABC. "É tendência em toda a Região Metropolitana, que possui características de emissão de muitos gases com grande intensidade de carros e indústrias", disse.

Maria Helena afirma que concentração de ozônio na atmosfera é problema nas grande cidades do mundo. "É um poluente de controle complexo. O necessário é fazer ações de monitoramento nas indústrias e incentivar o uso de veículos com índice de poluentes cada vez menores", explicou.

OUTROS POLUENTES - Além do ozônio, o relatório de qualidade do ar da Cetesb mostra a concentração de outros poluentes na atmosfera como partículas inaláveis finas e em suspensão, dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio e monóxido de carbono.

Em todas as outras categoras, o Grande ABC não ultrapassou em nenhum dia os níveis aceitáveis.

Desde a década de 1970, a Cetesb mantém redes de monitoramento da qualidade do ar para avaliar os níveis de poluição atmosférica em diferentes escalas de abrangência.

Tosse, cansaço e ardência são sintomas comuns

A concentração de ozônio na atmosfera em grande volume traz riscos à saúde. De acordo com a Cetesb, com a qualidade do ar inadequada para respiração, as pessoas podem apresentar sintomas como tosse seca,cansaço, ardência nos olhos, nariz e garganta.

"Neste períodos, há maior incidência de problemas respiratórios. Em 48 horas, cerca de 20% da população que vive na área de maior concentração deste elemento procuram médico. Hoje em dia, isso acaba sendo comum, mas não deveria", disse Elie Fiss, médico e professor de Pneumologia na Faculdade de Medicina do ABC.

De acordo com Fiss, o contato com grande volume do poluente pode encadear doenças pulmores graves em quem já possui problemas respiratórios, o que aumenta a corrida por atendimento médico.

Rodízio e inspeção veicular são apontados como soluções

Para o professor de Química da Fundação Santo André João Carlos Mucciacito, mestre em engenharia ambiental e especialista em poluição, é fundamental a implementação de rodízio de veículos, inspeção veicular e investimentos em transporte público moderno para melhorar a qualidade do ar no Grande ABC. A região conta hoje com frota de 1,1 milhão de automotores.

"Estas medidas ajudariam. O número de veículos com grande emissão de poluentes aumentou bastante", disse o especialista.

Os temas já são estudados pelas prefeituras da região. O Consórcio Intermunicipal do Grande ABC defende a inspeção veicular nas sete cidades. Porém, a implementação ainda depende da secretaria estadual do Meio Ambiente, que estuda adotar o projeto em algumas cidades de São Paulo. Na Capital, o programa existe desde 2008.

Já o rodízio de veículos voltou a ser discutido pelo Consórcio na última semana, quando a restrição à circulação de caminhões nas principais avenidas da região foi cancelada.

Para amenizar o impacto dos veículos pesados no trânsito e os congestionamentos,

as prefeituras cogitam a volta do sistema de revezamento, que ocorreu em cinco cidades da região entre 1996 e 1998.




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