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Luz, matéria-prima do fotógrafo, está em livro
Alessandro Soares
Da Redaçao
12/03/2000 | 17:44
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A luz, objeto de fascínio do fotógrafo, é decomposta em seu espectro mais literário no livro 50 Anos Luz Câmera e Açao (Editora Senac, 444 páginas, R$ 35), de Edgar Moura. O livro será lançado nesta segunda-feira, no Espaço Unibanco do Rio, e dia 21 deste mês, no Espaço Unibanco de Sao Paulo, com palestra antes e depois da projeçao do filme português Sinais de Fogo, de Luís Filipe Rocha (1994), com direçao de fotografia de Moura.

O autor é diretor de fotografia de cinema com 34 longas-metragens no currículo, sete minisséries de TV e vários comerciais. Antes, Moura foi fotojornalista no Rio e colunista, cartunista e fotógrafo do Pasquim (1973 a 1986). Hoje atua no cinema em Portugal.

A obra revela a técnica e o "como fazer" fotografia em cinema; porém, o calhamaço de 444 páginas está longe de ser um manual maçante. 50 Anos Luz (idade do autor quando concluiu a obra em 1998) tem um sabor literário atraente, mesmo para quem nao tem interesse nos segredos da luz em cena. "O fotógrafo recria o que vemos, segundo a luz", diz.

Moura indica a leitura de obras clássicas, o acompanhamento do trabalho de fotógrafos e a observaçao de pinturas, como o trabalho com luz de Edward Hopper. "Todo mundo do cinema foi se banhar um pouco em Hopper. Os fotógrafos, nas cores e nas luzes; os diretores, nas imagens de solidao; e os diretores de arte, nos cenários estilizados e sintéticos."

O fotógrafo se revela escritor. Moura envolve profissionais de cinema como personagens de uma obra com humor e fluência de cronista sem perder de vista o objetivo de ensinar a técnica (leia trecho abaixo). O autor cita filmes e o trabalho de fotógrafos consagrados, como Vittorio Storaro e Nestor Almendros. De Titanic (1997), ele comenta como o diretor de fotografia Russel Carpenter resolveu o problema de filmar a cena do naufrágio como aconteceu: à noite, sem luar, sem fonte de luz. "É uma situaçao inaceitável num filme. Ele usou nuvens falsas para difundir a luz", diz.

Seus trabalhos no cinema envolvem filmes como Kuarup (1989) e Tieta do Agreste (1996). "Apesar de nao ter dado certo, Kuarup teve condiçoes ideais. Tieta foi um filme normal, quase tropicalista, com cores vivas. Embora as cenas de exterior pareçam naturais, sao todas iluminadas." Na TV, Moura fez a direçao de fotografia das minisséries A Vida Como Ela É... (1996) e A Justiceira (1997), ambas da Globo, com qualidade de cinema. "A diferença básica entre a imagem de vídeo e cinema é que a luz é trabalhada para uma câmera no cinema; já a TV tem três câmeras dividindo uma mesma fonte de luz."




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