Pela quinta vez Jeff Bridges concorre ao Oscar de melhor ator. Em "Coração Louco", de Scott Cooper, que estreia hoje, ele faz um cantor country decadente. É o tipo do personagem que dá prêmio. Robert Duvall (que está no elenco) ganhou o Oscar por papel parecido em "A Força do Carinho", em 1983.

O curioso é que Bridges quase desistiu de fazer o filme. Como tem de cantar, e a trilha não estava definida, o ator se recusava a embarcar na produção, convencido de que, sem a música certa, "Coração Louco" não iria funcionar.

Não será surpresa se Bridges receber o Oscar no domingo. Afinal, já ganhou o Globo de Ouro pelo papel e também o prêmio do Ator's Guild, que realmente fortaleceu sua candidatura.

Mas George Clooney, indicado por "O Amor Está no Ar", é muito querido pelos votantes da academia - e encarna a boa consciência de Hollywood. Clooney criou o fundo da indústria para apoiar as vítimas do terremoto no Haiti.

Só que, em matéria de boa consciência, Jeff Bridges não lhe fica atrás. Filho e irmão de atores - Lloyd Bridges e Beau Bridges -, Jeff tem firmado posições políticas.

Foi contra o Oscar honorário que a academia deu para Elia Kazan e se manifestou contra a intensificação da Guerra do Iraque, por George W. Bush. Jeff leva, ou pode levar, mas uma eventual vitória não vai apagar a impressão de que ele estará recebendo um Oscar de carreira, mais do que a consagração por um trabalho especial. Ele está bem, não muito bem, em "Coração Louco". Neste sentido, a atuação de George Clooney é mais emblemática na comédia de Jason Reitman.

Se o Oscar não vier no domingo, Bridges só tem de esperar pelo ano que vem. Ele estrela o remake de "Bravura Indômita", de Henry Hathaway, fazendo o papel do xerife Rooster Cogburn. É um grande personagem, e os irmãos Coen, com quem Bridges já fez "O Grande Lebowsky", marcaram a estreia para dezembro, o que dará tempo de candidatar o ator para o Oscar de 2011.