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Estado muda estratégia para Linha 18

Renegociação da dívida com União abre possibilidade
de contrair empréstimo nacional para Metrô da região

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
30/07/2016 | 07:00
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Divulgação


O governo do Estado mudou de estratégia para tentar tirar do papel a Linha 18-Bronze (Tamanduateí-Djalma Dutra), que ligará o Grande ABC ao sistema metroviário da Capital. Após esperar por um ano e três meses pelo aval do governo federal para captação de dinheiro internacional para início das desapropriações, a gestão paulista agora aposta na renegociação da dívida com a União para obter nova classificação na relação de capacidade de endividamento e, com isso, poder contrair empréstimos junto a bancos nacionais.

Com edital publicado em julho de 2013 e contrato assinado em agosto de 2014, a obra tinha como prazo inicial o fim de 2018. O prazo foi descartado oficialmente no fim do ano passado, quando o governo de Dilma Rousseff (PT) indicou que questões técnicas sobre o monotrilho (modal escolhido para a Linha 18) e problemas financeiros do governo paulista inviabilizariam autorização para que a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) pudesse obter empréstimo internacional de US$ 182,7 milhões. A nova meta é inaugurar o Metrô no Grande ABC em 2021.

Em entrevista exclusiva ao Diário, o secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, disse que a repactuação da dívida dos Estados com a União trouxe outras perspectivas de negociações para a Linha 18.

“Teremos prazo estendido para pagar nosso passivo em 20 anos. Com isso, o Estado volta a ter carta de crédito para obter empréstimos. Nossa intenção agora é conversar com bancos nacionais, buscar linhas de créditos no País. Estimamos que sejam necessários R$ 600 milhões para as desapropriações para começar os trabalhos no início do próximo ano. Com o canteiro colocado, o prazo de entrega é de quatro anos (em 2021)”, afirmou Pelissioni, após audiência com o presidente da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa, deputado estadual Orlando Morando (PSDB).

O titular de Transportes Metropolitanos discorreu que fez reunião com técnicos do Banco do Brasil e que vai procurar a Caixa Econômica Federal para analisar as linhas de crédito oferecidas por essas instituições. Também buscará recursos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) para a obra na região. “Outro fator que nos traz otimismo é o fato de o presidente (Michel Temer, PMDB, interino) nomear um técnico do Metrô para a Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana (o ex-diretor da estatal José Roberto Generoso).”

A Linha 18-Bronze tem programação de 15,7 quilômetros de extensão, passando por Santo André, São Bernardo, São Caetano e São Paulo, ao custo de R$ 4,26 bilhões, divididos entre recursos públicos e do Consórcio Vem ABC, privado.

Morando questionou a postura do governo Dilma com relação à Linha 18. “O projeto continua vivo, ao contrário dos que achavam que estava enterrado. Vejo que agora (com Temer) há boa vontade. Nos anos de Lula e Dilma não se investiu no Metrô de São Paulo, apenas no Ceará, Brasília ou Porto Alegre.”

Grupo italiano sinaliza interesse para a operação do monotrilho

O Grupo Gavio, um dos maiores conglomerados de empresas de gestão de rodovias na Itália, manifestou interesse em investir na obra e, posteriormente, realizar a operação da Linha 18-Bronze (Tamanduateí-Djalma Dutra).

A holding italiana fez aporte financeiro no Grupo Privam, uma das companhias que compõem o Consórcio Vem ABC, parte privada da PPP (Parceria Público-Privada). O bloco ficará responsável por arcar com R$ 1,92 bilhão do projeto do Metrô na região.

“Esse tipo de investimento traz segurança também que o setor privado dará conta de construir o modal”, salientou o secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni. O Consórcio Vem ABC é composto também pelas empresas, Encalso, Cowan e a Benito Roggio.

CRÍTICAS FEDERAIS

Quando a União travou análise do aval ao pedido de empréstimo internacional para o Estado, o então secretário nacional de Mobilidade Urbana, Dario Rais Lopes, indicou que o governo federal não tinha segurança de que o modal de monotrilho era o indicado para a Linha 18. Lopes, em novembro, afirmou que seria necessário estudo sobre as linhas 15-Prata (Vila Prudente-Cidade Tiradentes) e 17-Ouro (que ligará Congonhas ao Estádio do Morumbi) antes de viabilizar recursos para a Linha 18.

“A Linha 15 é um sucesso. Funciona que é uma maravilha. Não temos críticas. O monotrilho está em operação em duas estações, das 6h às 20h. É um sucesso na Linha 15, será um sucesso na Linha 18”, concluiu Pelissioni. 




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