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Universo de Jorge Amado

Situada no Centro histórico, casa onde viveu escritor é aberta ao público e hoje é espaço cultural

Por Vinícius Castelli
07/04/2016 | 07:00
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Vinicius Castelli/DGABC


 Basta chegar em Ilhéus para entrar no clima de uma das mais importantes fatias da rica literatura brasileira. Para quem já leu o livro Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado, ou viu alguma das obras do romance feitas para a TV, só é preciso pisar no Centro histórico para sentir o cheiro ‘daquela Ilhéus antiga’, o ‘cheiro do cacau’, e imaginar a personagem Gabriela andando pelas ruelas do local.

E para que isso aconteça, nada melhor do que entrar de fato no universo do autor, começando o passeio pela Casa de Cultura Jorge Amado, espaço que serviu como residência para ele quando se mudou de Itabuna, onde nasceu, para Ilhéus, ainda junto dos pais. A casa se situa no centro histórico, no espaço conhecido como Quarteirão do Jorge Amado, pois fica perto de vários locais usados pelo escritor para suas obras, como a casa onde viveu o personagem Tonico Bastos.

Aberta para visitação (a entrada custa R$ 5), é passeio obrigatório na cidade. O local guarda tesouros como uma máquina de escrever usada por Jorge Amado, que pode ser vista no escritório – com bela vista para a praça – onde ele ficava para se inspirar para seus livros.

Na sala, móveis da época dão charme. A máquina de costura da família, que fazia tamancos de couro, ainda está lá e faz parte do acervo do local. A sala ainda dá espaço para diversas capas de revistas antigas a respeito de Gabriela. Fotos dele com outras personalidades também estão no roteiro. Outra atração fica por conta dos objetos pessoais de Jorge Amado, como suas camisas estampadas e muito coloridas. Algumas gravatas também podem ser vistas, assim como um chapéu e um relógio que eram do escritor.

Como não bastasse todo o conteúdo cultural do local, a construção por si só já seria motivo para a visita. Datada de 1926, a casa foi construída depois que o pai de Jorge Amado, João Amado de Faria, ganhou na loteria. O espaço, um palacete, contém azulejos ingleses, cortinas de jacarandá e mármore carrara.


Centro histórico guarda muitas surpresas
Em pé há 106 anos, o Bar Vesúvio foi local de muitas reuniões entre coronéis de Ilhéus. Era lá que tudo se discutia e se resolvia. Ao lado da igreja de São Sebastião e da Casa de Jorge Amado, o local também serviu de inspiração para Gabriela, Cravo e Canela.

É no Vesúvio (www.barvesuvio.com) que o personagem Nacib começa uma história com a protagonista. E como ir até lá e não provar o famoso quibe? Mas a prata da casa mesmo fica por conta dos pratos feitos com camarão. E tudo pode ser degustado nas mesas na calçada, com uma bela vista para a praça, a catedral e outros prédios históricos.

O espaço, hoje comandado por Guido, foi construído por dois italianos. Nos anos 1930 passou a ser do libanês Emilio Maron, que serviu para inspirar a criação de Nacib. Dentro do local, outra surpresa: duas paredes com fotos que contam parte da história do bar, da igreja e de Ilhéus. É claro que Jorge Amado não fica de fora.

A história do Bar Vesúvio se mistura com a de outro local clássico da cidade, o Bataclan (www.bataclan.com.br). Construído em 1864, o Bataclan funcionava como cassino e cabaré e era frequentado por coronéis do cacau e por jovens da época, um deles era Jorge Amado.

Hoje um restaurante, oferece pratos deliciosos como O Peixe da Maria Machadão (R$ 55, individual), que é moqueca de peixe com banana-da-terra e arroz de coco queimado. Além de comer e se deslumbrar com o charme do local, é possível ver objetos antigos no quarto de Antônia Machado, a Maria Machadão, retratada também no livro de Jorge Amado.

Reza a lenda que, naqueles tempos, dos coronéis, os homens levavam as mulheres para a missa e iam ao Bar Vesúvio tratar de negócios. Mas graças a uma passagem secreta, conseguiam chegar ao Bataclan para se encontrarem com as mulheres da casa e retornarem pelo mesmo local antes do término da missa. Ao menos a porta que dá acesso aos fundos do Bataclan ainda existe. Já a passagem...

DICAS
Para quem quiser uma visita guiada pelo centro histórico, a ER Tour (www.ertour.com.br) oferece o passeio, com duração de cinco horas (R$ 50). A empresa leva também para Itacaré (R$ 80), que fica a cerca de 70 quilômetros de Ilhéus. A viagem tem parada em diversas praias. Morro de São Paulo também pode ser acessado a partir de Ilhéus. O passeio (R$ 180 + R$ 18 de taxas) dura das 5h às 21h e leva da Costa do Cacau à Costa do Dendê. A Ilha da Fantasia também é opção (R$ 150). Antes do destino, o percurso passa por manguezais.




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