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Ritmo de empregos novos cai e economia ruma à estagnação
Frederico Rebello Nehme
Marcelo Moreira
Do Diário do Grande ABC
21/07/2005 | 08:25
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A economia regional está caminhando para a estagnação nos próximos meses. É o que mostram os dois principais indicadores de nível de emprego da Grande São Paulo. A taxa de desemprego no Grande ABC permaneceu estável em 17,9% em junho, juntamente com o índice para toda a região metropolitana de São Paulo, que se manteve em 17,5%, segundo a Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Apesar da estabilidade, o número absoluto de desempregados subiu para 235 mil pessoas no Grande ABC, decepcionando os pesquisadores, que acreditavam ao menos em uma pequena recuperação do índice.

Já os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Demitidos) do Ministério do Trabalho, relativos ao mês de junho, revelam uma situação bem mais preocupante. O ritmo de criação de novas vagas sofreu uma freada forte, com queda de 60,4% em relação a maio na indústria e 15% englobando todos os setores — mês que também registrou queda acentuada na comparação com o anterior, abril.

Os técnicos da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) consideram os resultados "preocupantes", já que o mês de junho tradicionalmente apresenta uma redução da taxa de desemprego. "Esse indicador nos preocupa porque já deveríamos registrar baixa no desemprego nesta época do ano. Não é um resultado ruim, mas também não dá para comemorar", afirmou Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese.

O crescimento da informalidade também marcou o mês de junho, segundo a pesquisa. Para toda a RMSP, o trabalho autônomo teve uma expansão de 51 mil vagas, enquanto os empregos assalariados apresentaram redução 31 mil (com carteira de trabalho assinada) e de 19 mil (sem carteira).

Para Mauro Miaguti, diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo e da macrorregião do Grande ABC e Baixada Santista, a redução no ritmo de crescimento da economia e da geração de vagas é um movimento iniciado em janeiro, que tende a se intensificar.

"Esse quadro já está instalado desde o início do ano. O aumento dos juros inibe o investimento em produção e incentiva o investimento no mercado financeiro. O empresário está pessimista quanto às perspectivas da economia", afirmou.

Miaguti ainda aponta o componente político como possível agravante da situação para os próximos meses. "Teremos de esperar o desenvolvimento dos próximos fatos da crise política para saber que tipo de efeitos surtirá na economia. A princípio, a tendência é de uma desaceleração ainda maior."

A redução do número de vagas no comércio apontada pela pesquisa do Seade/Dieese não foi intensa no Grande ABC, segundo Valter Moura, presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo). "O mês de junho foi um mês bom para as vendas no comércio, até por causa do Dia dos Namorados, que vem se tornando uma das datas mais importantes para o setor. No Grande ABC, houve estabilidade", afirma.

O Sindicato dos Comerciários do ABC (filiado à Força Sindical), no entanto, acredita que o nível de demissões cresceu no mês de junho na região – ainda não há dados finalizados. Segundo levantamento do sindicato, entre março e maio deste ano, foram demitidos 2.998 trabalhadores do setor, um aumento de 13,6% com relação ao mesmo período do ano passado.

"A situação econômica brasileira é a principal causa desse aumento de demissões. Hoje, o consumidor se endivida e não tem capacidade de comprar', afirmou o diretor do sindicato Antônio Miranda, o Toninho.




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