Política Titulo
Prefeito de Rio Grande rebate presidente da Câmara
Raphael Di Cunto
Especial para o Diário
05/07/2010 | 07:00
Compartilhar notícia


Apesar de não querer entrar na briga com o presidente da Câmara de Rio Grande da Serra, Edvaldo Guerra (PV), que se declarou oposição recentemente e teceu sérias críticas ao governo da cidade, o prefeito Adler Kiko Teixeira (PSDB) avisa: "Se ele pensa que vou morder a isca e cair nessa disputa para alavancá-lo, está muito enganado".

O prefeito desconversou sobre os rumores de que já teria escolhido seu sucessor, o secretário de Obras, Luiz Gabriel, o Maranhão, e disse que o nome dele está em evidência por causa do grande número de inaugurações. "Fui eleito com apoio de 22 partidos no segundo mandato. É um grupo que precisa ser respeitado e ouvido", afirmou. Para Kiko, o mesmo se aplica a suposta disputa pelo Paço de Ribeirão Pires para onde, comenta-se, ele sonha mudar em 2013. "Não quero atropelar ninguém."

DIÁRIO - Após quase seis anos no comando da Prefeitura, qual balanço o sr. faz de seu governo?
ADLER KIKO TEIXEIRA - Acredito que tivemos uma gestão bem-sucedida no primeiro mandato. O maior termômetro de que administramos de acordo com os anseios da população foi ser reeleito com 80,99% dos votos. Então no segundo mandato nosso objetivo foi manter o padrão de qualidade dos primeiros anos, focando mais na área de Educação. Também temos realizado outras bem-feitorias em Rio Grande, com pavimentação de ruas e atenção especial aos bairros mais afastados do Centro.

DIÁRIO - Qual sua meta para o fim do mandato?
KIKO - É melhorar o saneamento. Ainda temos um problema muito grave que são os bairros com esgoto despejado in natura. Trabalhamos para resolver isso, mas há um impasse no STF (Supremo Tribunal Federal) para decidir se as cidades metropolitanas são titulares de seus serviços de saneamento, ou eles pertencem a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Como nossa concessão venceu, precisamos esperar o julgamento para assinar novo contrato, mesmo que com a própria Sabesp, e estabelecer metas e prazos para resolver o problema.

DIÁRIO - O principal problema da cidade, então, é a falta de recursos?
KIKO - Com certeza. Para se ter uma ideia, Rio Grande arrecada em torno de R$ 30 a 35 milhões. Nosso orçamento é equivalente ao que o presidente da Câmara de Santo André tem para administrar um único prédio. Não que o recurso deles seja exorbitante, o nosso que é pequeno.

DIÁRIO - Já pensa em quem será seu sucessor na Prefeitura?
KIKO - Isso é muito prematuro. Vencemos a primeira eleição nos coligando com sete partidos. Na segunda, foram 22 partidos nos apoiando. É um grupo que tem de ser respeitado. Diversas pessoas na administração e na Câmara têm o carinho da população da cidade e precisam ser consideradas. Minha vontade é de que a nossa forma de gerenciar o município continue, e por isso vamos procurar alguém afinado com a administração e com os nossos pensamentos.

DIÁRIO - Comenta-se que o sr. já escolheu o secretário de Obras (Luiz Gabriel, o Maranhão) para sucedê-lo. É verdade?
KIKO - Tivemos a felicidade de conseguir muitos recursos para infraestrutura. Recursos que geraram obras, como reforma de escolas e postos de saúde, e que são conduzidos pela secretaria do Gabriel. Então isso lhe deu visibilidade que outros secretários não têm. Mas tanto ele quanto outras pessoas aqui na Prefeitura tem capacidade para continuar nosso trabalho. O Gabriel é desapegado desse tipo de vaidade. Se ele for candidato, vai ficar contente. Se não for, vai entender.

DIÁRIO - Critica-se muito a escolha pelo fato de ele residir na Capital.
KIKO - Ele já morou aqui por um tempo. E recentemente mudou para cá de novo. A legislação fala que a pessoa tem de morar no domicílio pelo menos um ano antes (da eleição) para ser candidato...

DIÁRIO - Então o senhor já pensou nisso...
KIKO - É que na verdade eu sou advogado, então tenho de saber das regras, né (risos). Mas se ele tem vontade de ser, então tem de se credibilizar na cidade, tem de estar filiado no partido e tem de residir no município. Críticas são normais na vida política. Na eleição que passou, falaram que eu não ia conseguir meu registro de candidato. Consegui. Aí falaram que eu não ia ganhar a eleição porque ia ser impugnado. Ganhei. Depois disseram que não seria diplomado. E estou aqui, no sexto ano de mandato. Então se hoje recai alguma crítica ao Gabriel e amanhã, por qualquer motivo, não for ele o candidato, as críticas vão se dirigir para o escolhido.

DIÁRIO - O sr. já sabe o que vai fazer quando sair da Prefeitura? Fala-se na cidade que o sr. pretende disputar o Paço de Ribeirão Pires.
KIKO - Minha vontade é ficar próximo das decisões políticas e da vida pública. Nasci numa família de políticos (dois dos irmãos de Kiko, Aarão e José Teixeira, foram prefeitos de Rio Grande), e digo sempre que vou morrer envolvido com política. Mas essas coisas, sobre disputar a eleição em outra cidade, têm muito de destino, prefiro não fazer prognósticos. Tive o privilégio de ser vereador três vezes, de ser presidente da Câmara e prefeito por duas, mas sempre teve um grupo por trás. Eleição depende do coletivo, ninguém se torna candidato de si mesmo.

DIÁRIO - Mas se o grupo aceitar, o sr. tem interesse?
KIKO - Tenho muito amigos políticos em Ribeirão Pires que fazem parte da história da cidade e eu de forma alguma vou querer chegar atropelando eles. O PSDB tem nomes lá, assim como outros partidos. O meu interesse agora é tirar do papel todos os projetos que eu tenho aqui e fazer um bom governo.

DIÁRIO - O presidente da Câmara, Edvaldo Guerra (PV), se declarou oposição, e outros vereadores estão se mostrando descontentes com o governo. Como o sr. enxerga essa situação?
KIKO - Gosto de trabalhar com fatos, não com suposições. Só vejo o posicionamento do Guerra. É normal os vereadores do PT criticarem, mas os outros seis estão com a gente, sempre comparecendo nas inaugurações e eventos. O Guerra acha que conseguiu outro caminho. Para mim é indiferente. Fui vereador por 12 anos, e se ele pensa que vou morder a isca dele e cair nessa disputa política para alavancá-lo, está muito equivocado.

DIÁRIO - Acredita que ele esteja na oposição apenas para aparecer?
KIKO - Ele não é a pessoa mais apropriada para criticar a administração. Nos quatro primeiros anos ele foi secretário de Cidadania. Só foi presidente porque o nosso grupo, inclusive os vereadores do PSDB apoiaram ele. Teve uma eleição complicada, que só foi resolvida no Supremo. Tudo isso ele dispondo da estrutura da nossa coligação. Por isso, se depender de mim, vai ficar falando sozinho.

DIÁRIO - Se sente traído por isso?
KIKO - Esse foi o maior erro que ele cometeu. Isso já está provado até dentro do partido dele. Se não saíram todos os integrantes do PV, os que ficaram são os que podem assumir por serem suplentes. Isso sem eu fazer a menor força.

DIÁRIO - Ele diz que o sr. pressionou os militantes a sair para enfraquecê-lo.
KIKO - Ele é o presidente do PV, eu sou do PSDB. Como eu ia fazer uma proeza dessas? Ele está me valorizando demais, eu não tenho esse poder todo (risos).

DIÁRIO - Os quatro vereadores do PSDB pleiteiam a presidência da Câmara. O sr. acredita que possa haver racha?
KIKO - Eleição para presidente da Câmara é a mais imprevisível. Todo mundo é candidato - até o Guerra queria, mas a Câmara de Rio Grande achou por bem extinguir a reeleição. Eu acho que quem estiver mais afinado com a administração vai ganhar. Embora tenha alguém gritando, querendo fazer guerra, eu sei que o sentimento da cidade é esse.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;