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Promotor amplia culpa de PMs na chacina em Diadema
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
09/07/2005 | 09:11
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O Ministério Público de Diadema quer ampliar a participação de policiais militares na chacina que matou mãe e dois filhos na segunda-feira, no Jardim Portinari, em Diadema. Segundo o promotor do Júri da cidade, Carlos César de Faria Bernardi, os três PMs presos temporariamente e os outros três administrativamente na Corregedoria da PM deverão responder como partícipes do triplo homicídio e das duas tentativas de homicídio. A pena é a mesma de quem realiza o crime, ou seja, de 12 a 30 anos de reclusão.

"Pelos depoimentos prestados até agora, tanto dos moradores do local quanto dos PMs detidos, ficou claro que os policiais viram o sargento Ricardo Silva dos Santos atirar e não fizeram nada. Também não o detiveram quando ele fugiu. Essa atitude é caracterizada como partícipe do crime", afirmou o promotor.

"Os três policiais detidos que estavam nas motos afirmaram, como defesa, que não agiram porque o sargento era o superior hierárquico da ação e que ficaram perplexos quando ele começou a atirar. Isso não é desculpa. Se o sargento estivesse estuprando alguém, por exemplo, eles também não iriam fazer nada utilizando o mesmo argumento?",questiona Bernardi.

O promotor ouviu quinta-feira à noite depoimento de quatro testemunhas da chacina. Todas foram unânimes em afirmar que os policiais observaram Santos atirar e não tomaram providências. A única dúvida até agora é quanto à participação de um oitavo policial, conhecido como Mauricião, que teria segurado o desempregado Eduardo Rodrigues Francisco, 24 anos, antes que o sargento atirasse.

"Duas testemunhas apontaram a participação do Mauricião, mas as outras não fizeram o mesmo. É um ponto que precisamos ainda esclarecer", acrescentou o promotor do Júri.

Estão presos temporariamente Edson Arão Prudêncio, 31 anos, e Renato Pereira dos Santos, 24, que estavam na mesma viatura que o sargento, além de Sebastião Faria Pinto, 31, que acionou os colegas. Bernardi afirmou que solicitou à Delegacia de Homicídios de Diadema para apressar o pedido de prisão temporária dos três policiais que estavam em motos e que estão detidos administrativamente até a semana que vem na Corregedoria da PM: Janderson Páscoa Neves, Valmir Rogério de Andrade e Daniel Quintino de Oliveira Filho. Os mandados devem ser expedidos no início da semana que vem.

O caso está sendo investigado em duas frentes: pelo Ministério Público e Delegacia de Homicídios de Diadema e pela Corregedoria da Polícia Militar. "O que a corregedoria apurar, vamos anexar na nossa investigação", afirmou o promotor.

"Da nossa parte, já ouvimos oito testemunhas, que relataram a mesma história que a maioria já falou. Devemos ouvir depoimentos dos PMs detidos no início da próxima semana", afirmou o delegado Gabriel Ulisses Salomão.

O sargento Ricardo Silva dos Santos, 40 anos, continua internado no Hospital São José, em São Vicente. Sexta-feira ele foi operado por causa de uma crise gástrica e ficou sedado o dia inteiro, segundo o capitão Marcelino Fernandes, da Corregedoria da PM. "Ele deve ter alta dentro de três a cinco dias", disse o capitão. Do lado de fora do hospital, policiais o aguardam para prendê-lo. A reconstituição do crime está marcada para o dia 18.

O Ministério Público divulgou o laudo necroscópico das vítimas, feito pelo IML (Instituto Médico-Legal) (veja quadro ao lado). "A maioria dos tiros foi à queima-roupa e parte pelas costas, mostrando execução", disse o promotor. Duas armas foram usadas: um revólver 38 e uma pistola .40. Ambas do sargento Ricardo Silva dos Santos.

Câmeras - A Prefeitura de Diadema instalou sexta-feira duas câmeras de segurança no conjunto habitacional do Jardim Portinari, que serão monitoradas pela Guarda Municipal. Os equipamentos devem entrar em operação neste sábado. A medida agradou a maioria dos moradores ouvida pela reportagem.

"Agora vou ficar um pouco mais tranqüilo. Quem quiser fazer algo de errado vai ter de pensar duas vezes", afirmou o motorista Casimiro Serra, 58 anos. "Gostei da iniciativa. Já era tempo para que as autoridades fizessem alguma coisa no nosso bairro", disse o operador de tráfego José Libert, 48.




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