Economia Titulo Obrigatório nos carros
Extintor ABC volta às prateleiras

Após demanda elevada no início do ano, equipamento automotivo agora é encontrado facilmente; preços na região subiram até 150%

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
06/06/2015 | 07:07
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Nário Barbosa/DGABC:


Os extintores veiculares do tipo ABC, que serão obrigatórios em todos os automóveis do País a partir do mês que vem, voltaram a ser encontrados com facilidade em lojas e postos de combustíveis do Grande ABC. No fim de 2014 e nos primeiros meses deste ano, era praticamente impossível encontrar o equipamento na região devido à alta procura.

Em 2009, o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) publicou resolução que estabelece a obrigatoriedade da troca dos itens BC pelos modelos ABC a partir de 1º de janeiro de 2015. O prazo, entretanto, foi adiado para abril e, posteriormente, para 1º de julho em razão da falta do produto em estoque. A diferença entre as categorias é que a BC combate princípios de incêndio causados somente por líquidos inflamáveis e na parte elétrica, enquanto a ABC serve para esses dois casos e também para o fogo em superfícies sólidas, como bancos e painel.

Em janeiro, a equipe do Diário percorreu diversos pontos de venda e constatou que o item do tipo ABC era raro na região. Ontem, foi feita busca em oito estabelecimentos em Santo André, São Bernardo e São Caetano. Desses, seis tinham o equipamento em estoque. O preço, entretanto, aumentou. Em janeiro, o extintor era encontrado por R$ 60 a R$ 90. Agora, custa de R$ 100 a R$ 150 – ou seja, os preços subiram até 150%.

“A procura ainda é alta, mas já houve uma diminuição. Estamos vendendo em média cinco por dia. No fim do ano, o pessoal estava desesperado. Formavam fila aqui para conseguir garantir”, relata o frentista José Maria Aguiar, 55 anos, que trabalha em um posto de combustíveis na Avenida Dom Pedro II, em Santo André. O estabelecimento vende cada unidade a R$ 100.

No bairro Paulicéia, em São Bernardo, o extintor é vendido em um posto no Corredor ABD a R$ 150. “Está vendendo muito pouco. Tem um monte parado lá no estoque”, lamenta o frentista Rinaldo Francisco de Melo, 52.

Gerente de uma oficina mecânica no bairro Olímpico, em São Caetano, Heitor Ártico, 51, avalia que a corrida pelo equipamento de segurança se intensifica sempre que o prazo dado pelo governo se aproxima. “Brasileiro deixa tudo para a última hora. É capaz que esgote tudo novamente nos próximos dias.” No local, o item sai por R$ 135.

Para Adriano Parisi, 41, proprietário de uma loja de equipamentos para automóveis no bairro Barcelona, em São Caetano, outro fator é responsável pelo aumento na oferta. “Como as montadoras estão paradas, os extintores estão vindo para as lojas”, avalia. Ele se refere às medidas adotadas pelas fabricantes de veículos para adequar a produção à queda nas vendas, como férias coletivas e licenças remuneradas. O estabelecimento de Parisi, na Rua Alegre, comercializa o produto a R$ 110.

Mesmo com queda na procura, empresários alertam que os extintores são alvo de criminosos. “Tive que colocar tudo para dentro, porque, se deixar lá fora, o pessoal passa e rouba”, lamenta Maria Alves, 45, proprietária e um posto na Avenida Senador Vergueiro, no bairro Rudge Ramos, em São Bernardo, onde o artefato é colocado à venda por R$ 140.

O engenheiro Fernando César Dias, 51, já havia desistido de procurar quando encontrou o equipamento em uma loja na Rua Catequese, em Santo André, por R$ 110.

“Parei para lavar o carro e achei.” Apesar de seguir a determinação prevista pela legislação de trânsito, Dias critica a obrigatoriedade. “O carro não precisa de extintor. Se pegar fogo no veículo, não vai ser isso que vai conseguir dar conta de eliminar o incêndio. Isso é só para fazer a gente gastar dinheiro”, reclama.

FISCALIZAÇÃO - O extintor do tipo ABC será obrigatório para todos os veículos automotores do País a partir do dia 1º. A fiscalização será feita pela Polícia Militar Rodoviária e pelos departamentos municipais de trânsito.

Em 2009, quando o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) – órgão ligado ao Ministério das Cidades – publicou resolução que determina a obrigatoriedade do item de segurança com essa especificação, o prazo para adequação dos motoristas era o dia 1º de janeiro de 2015. A data-limite foi alterada duas vezes – primeiro para abril e, depois, para julho – em razão da falta do produto nas lojas. Desde 2009, os carros saem de fábrica com o extintor do tipo ABC em substituição ao da categoria BC.

O novo modelo extingue focos de incêndio em superfícies sólidas, itens elétricos e líquidos inflamáveis e tem validade de cinco anos. O BC não apaga fogo em locais sólidos, vale por três anos e pode ser recarregado. O do tipo ABC não possibilita recarga. Apesar de ter funcionalidade em mais tipos de materiais, especialistas em segurança veicular questionam a obrigatoriedade do item.

PENALIDADE - O motorista que, a partir do dia 1º, for flagrado sem o extintor ABC no veículo será multado em R$ 127,69, de acordo com o artigo 230 do Código de Trânsito Brasileiro. A infração é considerada grave e o condutor também é penalizado com cinco pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação).

O automóvel fica retido até que o proprietário providencie um equipamento de segurança dentro das especificações exigidas pela legislação. Se o item, mesmo do tipo ABC, estiver fora do prazo de validade ou não estiver devidamente carregado, também será aplicada a autuação. 




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