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Bizarrices que fazem sucesso
Nino Sato
Da TV Press
22/07/2008 | 07:06
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Divulgação


Os Mutantes - Caminhos do Coração parece mesmo ter engrenado. A novela, continuação de Caminhos do Coração, abraçou de vez o tema bizarro da mutação, resultando em um produto quase conceitual.

Aparentemente, o autor Tiago Santiago resolveu deixar um pouco de lado os tais ‘caminhos do coração' e apostar as fichas nos mutantes. Estratégia inteligente, visto que as tramas de amor da primeira fase nunca foram o grande atrativo.

O texto, na maioria das vezes, deixou de ser explicativo, o que ajudou a dar um ar mais interessante ao folhetim. No entanto, alguns pontos fracos ainda permanecem. É o caso da baixa complexidade ideológica da história, que quase sempre se limita a ser maniqueísta. Expressões como ‘do bem' e ‘do mal' são usadas incessantemente para taxar personagem e grupos. Pior do que isso, só as citações bizarras ao ‘poder do amor', que chegam a ser constrangedoras.

Ainda que a história se baseie no confronto entre seres superpoderosos, os rótulos de bom e mau não são inevitáveis, como já foi mostrado nas obras semelhantes X-Men e Heroes, em que os personagens têm desenhos mais complexos e não se limitam a serem puramente ‘yin' ou ‘yang'.

Um dos maiores atrativos da novela é a abertura, que mostra o rumo que a história tomou: muita ação, efeitos especiais e adrenalina, embalados pela música Planeta Sonho, da banda 14 Bis. De muito bom gosto e bem produzida - exceto pelo nome errado da atriz Liliana Castro, que aparecia como ‘Liliane Castro' até alguns capítulos atrás -, a abertura mostra pessoas em atividades cotidianas, quando, discretamente, alguma coisa estranha acontece.

A melhora na qualidade da obra é visível também na interpretação dos atores. Alguns, pouco experientes em TV, evoluíram consideravelmente. É o caso de Julianne Trevisol, inebriante na pele da arquivilã Gór. A personagem é uma megalomaníaca que tem o pouco original objetivo de dominar o mundo, mas convence com seu estilo bruxa de história infantil. Sacha Bali também está divertido com seu Metamorfo, que faz o vilão engraçadinho do time.

Atores experientes ajudam a manter a qualidade do folhetim. É o caso de Patrycia Travassos, que faz a histriônica Irma e protagoniza cenas cômicas com o também bom ator André di Biase, o Aristóteles. Babi Xavier, que tem a difícil missão de dar continuidade ao papel de Ítala Nandi, se sai bem como a versão rejuvenescida doutora Júlia.

A fotografia da novela lembra um pouco as histórias em quadrinhos. Luzes em tons azul royal e pink embelezam os cenários, também mais interessantes do que os da primeira fase.

Os efeitos de câmera dão um ar cinematográfico à obra. No entanto, alguns são excessivamente usados, cansando o telespectador. É o caso das longas tomadas em câmera lenta e dos cortes bruscos de aparência expressionista.

Interessante em Os Mutantes é que há cast suficiente para produzir um desfile de moda. A beleza se destaca em praticamente todo o elenco. Encabeça o grupo a ex-Miss Brasil Natália Guimarães, que interpreta Ariadne, a mulher-aranha. Tanta beleza na trama certamente ajuda a segurar a média de 17 pontos de audiência, com 18 de pico e 24% de share. É o poder da mutação aliado ao bom e velho poder da sedução.




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