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Quinta-Feira, 9 de Maio de 2024

Marielle semente
Do Diário do Grande ABC
14/03/2021 | 16:48
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Marielle foi flor durante toda sua vida. Para resistir ao machismo, ao racismo e à violência de classe, cultivou espinhos que a protegeram ao longo de sua jornada. Ainda assim, Marielle teve suas pétalas arrancadas à força. Mas a força bruta de assassinos e milicianos não sabia que, ao deixar de ter pétalas, a flor Marielle se transformaria em algo muito poderoso: Marielle semente! A despeito de ser País com grave histórico de autoritarismo, violência contra os pobres e pretos e subserviência aos interesses de países desenvolvidos, o Brasil tem uma mágica que nos torna capazes de construir a nossa mitologia da resistência. Entidades como Carlos Marighella, Lélia Gonzalez, Chico Mendes e Darcy Ribeiro, dentre muitas outras, nos protegem em nossa batalha cotidiana, cada qual a seu modo.

Marielle assume seu papel de destaque em nossa mitologia política. A mulher negra e socialista que era flor e virou semente. Seus algozes percebem cada vez mais que Marielle não pôde ser morta, pois está cada vez mais viva em cada uma de nós, flores que desabrocham a cada dia e que fortalecem seus espinhos em cada amanhecer no movimento dialético que é ser flor e ser forte. Marielle Franco despertou o ódio de quem defende o atraso porque mostrou que o lugar de uma mulher negra, socialista, LGBT e periférica é onde ela quiser, inclusive a academia e o parlamento. Marielle flor teve a coragem de investigar as milícias que tomam conta do Rio de Janeiro e enfrentou seus adversários de peito aberto, com a tranquilidade de quem conhece o chão onde pisa. Marielle semente deixa o legado de sermos muitas: Ela é porque nós somos!

Que nossa mitologia política nos proteja neste momento tão difícil da história do Brasil, onde graves crises sanitária e econômica deixam milhares de mortos todos os dias e marcas permanentes em nossa população, que já sofre por mais de 270 mil vidas perdidas enquanto espera pela vacinação contra a Covid-19. Hoje, 14 de março, aos três anos do brutal assassinato de Marielle Franco, vamos amanhecer por Marielle na região, como em todo Brasil, e desenhar na rua o rosto da mulher que morreu flor para nascer semente. E, assim, o muro da Avenida Capitão João, em frente à estação de trem Mauá, também irá exclamar: Justiça por Marielle e Anderson!

Marielle é a força teimosa que pulsa em cada uma de nós. São 36 meses, três anos, sem sabermos a resposta para a insistente e necessária pergunta: quem mandou matar Marielle Franco e Anderson Gomes? Não recuaremos um milímetro sequer na luta por justiça e democracia. Marielle presente hoje e sempre em nós!

Drica Serafim é militante do MNU (Movimento Negro Unificado), do Núcleo de Mulheres do Psol ABCDMRR Marielle Franco e do coletivo Movimenta.




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