O vereador de São Bernardo Marcos Lula (PT) terminou o primeiro ano de atuação na Câmara com placar zerado no balanço legislativo, sem apresentar nenhum projeto para ser debatido na Casa. Filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT, 2003-2010), ele justifica a falta de iniciativa ao processo de aprendizado da rotina da Casa com os parlamentares mais experientes.

“Avaliei que seria melhor aprender um pouco mais antes de apresentar (propostas). Tenho algumas ideias que pretendo apresentar no ano que vem, mas vou discuti-las com a bancada (petista) antes”, alegou o debutante. Quando foi eleito em outubro, Marcos fez pela primeira vez o discurso de apresentação, mas seu trabalho não foi além desse uso de palavra.

Tímido e de pouca articulação na Câmara, Marcos Lula não cultivou o hábito de utilizar a tribuna nos debates legislativos e tem pautado sua atuação pela aprovação dos projetos do governo Luiz Marinho (PT). Apesar disso, ele faz balanço positivo de sua estreia no Parlamento são-bernardense. “Aprendi bastante e pude colaborar com o prefeito em suas ações na cidade”, disse o petista.

Marcos conquistou 3.882 votos na segunda empreitada eleitoral. Ele já havia disputado a vereança em 2008, entretanto teve o registro impugnado pela Justiça Eleitoral, que considera inelegíveis parentes até segundo grau do presidente da República, naturais ou por adoção. Na ocasião, Lula exercia o segundo mandato à frente do Palácio do Planalto.

A única ação de iniciativa do parlamentar foi abrir um canal virtual para ouvir demandas dos munícipes, que recebeu cerca de 60 pedidos por mês. Na ficha disponibilizada no site do petista, o cidadão pode relatar a necessidade do bairro ou região onde mora.

Após receber a solicitação, assessores do petista vão ao local averiguar a reivindicação. “Hoje muita gente usa a internet e isso tem facilitado o nosso trabalho, uma vez que o morador não precisa vir diretamente ao gabinete”, observou.

Marcos é filho do primeiro casamento da ex-primeira-dama do Brasil Marisa Letícia, porém é reconhecido pelo ex-presidente. Ele revelou que sempre que se encontra com o líder petista é questionado sobre a rotina no Legislativo. “Ele sempre dá os pitacos, não só comigo, mas também com outros colegas vereadores.”

Assim como fez no processo de 2008 para assegurar a vitória de Marinho no pleito majoritário, Lula se dedicou pessoalmente para eleger o filho em 2012, mesmo em tratamento contra um câncer na laringe.

VOTO CARO

O investimento foi pesado para eleger o petista na Câmara, tanto da família como da sigla. Marcos gastou 5,8 vezes mais do que o prefeito Luiz Marinho na busca pelo voto, desembolsando R$ 70,37 por voto conquistado, enquanto o chefe do Executivo despendeu R$ 12,17. O filho de Lula teve atenção especial do petismo nacional para se tornar vereador. Ele angariou R$ 95 mil do diretório do PT e R$ 50 mil da empresa Lils Palestras, Eventos e Publicações Ltda (de propriedade do ex-presidente).

Em São Bernardo, Marcos gastou mais que os ex-prefeituráveis Ademir Silvestre (PSC, R$ 15,4 mil), Lígia Gomes (PSTU, R$ 3.978) e Aldo Santos (Psol, R$ 1.700).