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Perto dos 100 anos, Tognato paralisa produção e venda
Mariana Oliveira
Do Diário do Grande ABC
13/06/2005 | 09:57
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A Fiação e Tecelagem Tognato, de São Bernardo, suspendeu – temporariamente, segundo acionistas – a produção da fábrica, no km 22 da via Anchieta, e as vendas da loja própria, na avenida Pereira Barreto, no centro da cidade. A medida foi adotada há um mês. Os 90 funcionários das duas unidades continuam recebendo salários, mas aguardam em casa a definição sobre o fechamento ou não da empresa.

A informação foi confirmada pelo presidente da Tognato, Joaquim Piveta, mas ele não quis comentar o assunto. Sábado, um segurança da loja de fábrica informou que não há mais ninguém trabalhando no local. A Tognato era a mais antiga indústria da região em atividade.

“A medida é provisória e foi tomada para que pudéssemos nos reestruturar. A empresa passa por dificuldades financeiras, mas faremos de tudo para mantê-la aberta. Primeiro porque foi uma das primeiras empresas a se instalarem no Grande ABC. Segundo, porque temos grande consideração pelos funcionários”, afirmou um dos 27 acionistas, que pediu para não ter a identidade revelada.

O drama da Tognato, porém, não se resume à crise financeira que impede a antiga tecelagem de continuar operando. O terreno que abrigava as instalações da indústria na avenida Pereira Barreto, e onde ultimamente funcionava apenas a loja de fábrica, tem dívida de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) superior a R$ 30 milhões, segundo apurou o Diário.

Apesar de não confirmar o valor, o secretário de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo, Fernando Longo, afirmou que trata-se de uma quantia bem alta. “Se continuar como está, em algum tempo a prefeitura poderá tomar posse da área.” Apesar disso, o secretário afirma que a prefeitura se dispõe a renegociar a dívida para que o terreno seja vendido, a fim de gerar emprego e renda para a cidade.

Com 200 mil m² – inicialmente o local tinha 222 mil m² mas uma parte foi vendida –, o imóvel fica na região central de São Bernardo em um dos pontos mais valorizados da cidade (vizinho à prefeitura). O valor de venda do espaço varia entre R$ 40 milhões e R$ 60 milhões, segundo levantamento realizado pela reportagem com as principais imobiliárias da região. O terreno abrigou as instalações da indústria têxtil até 2001, quando a empresa se mudou para outro imóvel, de 15 mil m², na via Anchieta.

A mudança da sede da fábrica para a Anchieta teve como objetivo liberar a área da Pereira Barreto para o projeto Cidade Tognato, lançado em 1999 pela empresa e pela prefeitura, em parceria com construtoras. O projeto previa investimentos de R$ 800 milhões e geração de 4 mil empregos diretos.

A intenção era construir cerca de 3,5 mil apartamentos residenciais, 400 flats, um hotel quatro ou cinco estrelas, uma rua de comércio aberta 24 horas, um shopping center com 150 lojas e área de 10 mil m² para recreação e galerias de arte. As construtoras desistiram pouco tempo depois, e, desde então, o local abriga somente a loja de fábrica.

De acordo com Longo, a prefeitura está interessada em viabilizar um empreendimento no terreno. “O local tem potencial para abrigar um projeto grande, mas só depende dos acionistas, que vivem um impasse sobre a destinação do terreno. Eles não chegam a consenso sobre o que fazer. Se os acionistas decidirem dar destinação ao imóvel, a prefeitura pode buscar parceiros. Existem muitas construtoras e incorporadoras interessadas.”

Um dos acionistas da empresa garantiu que os dois casos – encerramento da produção e destinação do terreno – estão sendo estudados paralelamente. “O fato é que é muita gente (27 acionistas) para decidir e isso acaba atrasando o processo. Faremos de tudo para que a Tognato continue ‘viva’.”

A Tognato, que tinha 350 funcionários em 2000, tem agora 90 empregados. Segundo declaração dada ao Diário pelo presidente Joaquim Piveta em janeiro, a empresa sofreu retração e forte queda de faturamento no ano passado.



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