Turismo Titulo Miñiques e Miscanti
Escandalosa beleza das lagoas altiplânicas
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
14/02/2019 | 07:09
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Ari Paleta/Arquivo Pessoal


O caminho de cerca de 200 quilômetros que separam San Pedro de Atacama das Lagunas Altiplánicas (Lagoas Altiplânicas) é quase tão bonito quanto o destino final. Com trilha sonora desta vez mais rock and roll – Rolling Stones, Jimi Hendrix e Simon & Garfunkel –, nem se vê o tempo passar, ainda mais com parada para café da manhã na fofa Socaire, no meio do caminho, que mais parecia uma cidade fantasma, com casas de portas e janelas fechadas. Os moradores são um pouco avessos aos turistas porque, no passado, houve intensa exploração estrangeira de prata e salitre locais.

Ao chegar às lagoas Miñiques e Miscanti (3.000 pesos, ou R$ 16), a 4.200 metros de altitude, começamos no fluxo contrário, apenas na estrada, e assim garantimos as paisagens mais exclusivas. Se a primeira já nos deixa de queixo caído, na segunda até perdemos a voz, diante da escandalosa beleza do lugar, que tem um ‘quê’ de Nova Zelândia, de cenário da saga do Senhor dos Anéis (filme de ficção que se passa em locais deslumbrantes), só que no Chile. O azul da água, que contrasta com margem branca provocada por enxofre e arsênico, é de doer os olhos. O visual é complementado por cabanas rústicas e emoldurado por vulcões. Dá para tirar fotos até cansar.

A próxima parada, Piedras Rojas (Pedras Vermelhas), é uma verdadeira viagem. A mescla das cores azul, rosa, verde, branca, em meio às pedras vermelhas, é surreal. Hoje não podemos mais caminhar sobre as pedras nem chegar perto das lagoas das Aguas Calientes do Salar de Talar – a proibição se deu pela comunidade indígena local depois que o Canal Off realizou gravação de dois atletas brasileiros realizando kitesurf no espaço, conhecido por seus ventos que chegam a 140 km/h, pelo fato de a natureza ser frágil e essa movimentação estressar os flamingos, aves que são marca registrada do Atacama.

Apesar disso, é possível apreciar, do alto, essa vista onírica. O que atrapalha um pouco a curtição da paisagem é justamente o vento, que quase não nos deixa em pé, faz com que a falta de ar seja maior e rende dor de ouvido a quem não estiver com touca e blusa resistentes. No caminho de volta há parada estratégica onde passa o Trópico de Capricórnio, o que é inusitado, pelo fato de ser típico de área de vegetação, não de deserto.

Para concluir o dia, num emocionante pôr do sol, conhecemos a reserva nacional dos flamingos: a Laguna de Chaxa, situada no Salar de Atacama (2.400 metros), que detém a maior concentração de sal do Chile (3.000 pesos, ou R$ 16). Esses adoráveis bichos ficam ali, pertinho de nós, apenas sendo observados enquanto se alimentam de pequenos crustáceos. Quanto mais velhos e, portanto, mais comem, mais rosados se tornam. 




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