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TV Al Jazeera suspende trabalho de correspondentes no Iraque
Por Do Diário OnLine
Com AFP
03/04/2003 | 01:11
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A rede árabe de TV Al Jazeera, baseada no Catar, anunciou na madrugada desta quinta-feira (hora local, noite de quarta no Brasil) a suspensão das atividades de seus correspondentes no Iraque. A emissora de notícias alegou que as autoridades iraquianas proibiram o trabalho de dois dos repórteres mantidos no país. Por causa disso, a TV decidiu suspender, até nova ordem, o trabalho de todos os correspondentes no front de guerra.

Segundo a rede do Catar, o Ministério da Informação do Iraque, sem "qualquer justificativa", avisou que o repórter Diyar Al Omari (correspondente em Bagdá) estava "proibido de exercer seu trabalho de jornalista" e que Taysir Alluni (outro profissional da Al Jazeera) recebeu a ordem de sair do Iraque "o quanto antes".

A TV disse que "lamenta" a decisão "surpreendente e injustificada" do governo iraquiano.

Apesar da suspensão do trabalho de todos os correspondentes no Iraque, a TV Al Jazeera anunciou que continuará a divulgar imagens ao vivo e gravadas provenientes de seus escritórios em Bagdá, Basra (sul) e Mossul (norte).

Novos tempos - A sede da Al Jazeera na capital iraquiana parecia contar, às vezes, com um espaço privilegiado por parte das autoridades locais para a transmissão de imagens dos pontos bombardeados. "Onde está Al Jazeera?", perguntou recentemente o ministro da Informação, Mohammad Said Al Sahhaf, quando conduzia um grupo de jornalistas por um palácio presidencial bombardeado.

O tratamento diferenciado era retribuído com a divulgação na TV dos pronunciamentos do presidente Saddam Hussein e das coletivas de imprensa de outras autoridades iraquianas na capital desde o início da guerra, em 20 de março.

A rede Al Jazeera dispõe de oito equipes no Iraque e é a única presente em Basra, ao sul, cidade cercada pelas forças anglo-americanas. Desde o começo da guerra, as imagens da emissora ganharam o mundo, retransmitidas por várias outras redes, incluindo a americana CNN, proibida de trabalhar em Bagdá.

O grande salto da emissora do Catar ocorreu na ofensiva norte-americana contra o Afeganistão, após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. Exercendo para o mundo árabe um papel semelhante ao da CNN na primeira Guerra do Golfo (1991), Al Jazeera virou sinônimo de contraponto nas coberturas de crises envolvendo o Oriente Médio.

A TV árabe ainda se tornou uma espécie de 'porta-voz' do líder saudita Osama Bin Laden, acusado pelos Estados Unidos de promover os atentados contra Nova York (World Trade Center) e Washington (Pentágono). Todos os pronunciamentos secretos de Bin Laden e dos líderes do extinto Talibã eram passados com exclusividade à Al Jazeera, que retransmitia as imagens ao resto do mundo.

Na segunda Guerra do Golfo, a emissora do Catar despertou a ira norte-americana ao exibir imagens de sete militares aliados que foram feitos prisioneiros pelo Exército iraquiano.




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