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Trem do Metrô de Nova York é tombado
Por Do Diário do Grande ABC
17/07/1999 | 13:21
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Depois de décadas transportando imigrantes do Terceiro Mundo entre Manhattan e os subúrbios, o trem da linha 7 do metrô nova-iorquino foi oficialmente reconhecido por sua contribuiçao involuntária à história norte-americana.

No mês passado, tombado pelo governo federal, o trem ganhou status de monumento. Seus carros sao vermelhos, antigoes. Ele aparece com a cor violeta nos mapas. E seus passageiros foram elevados por historiadores à categoria de "últimos pioneiros do século 20".

O tombamento foi iniciativa da primeira-dama Hillary Clinton, em campanha para o Senado em Nova York. Ela jura que nao foi um ato eleitoreiro, até porque há 16 outras rotas de imigraçao destacadas na homenagem - inclusive a trilha do ouro da Califórnia, a rota do Oregon usada pelos exploradores Clark e Lewis e a dos escravos no rio Mississipi.

A linha 7 transporta 400 mil pessoas por dia, entre Times Square e o bairro do Queens, com a última parada na Main Street do distrito de Flushing. Ali embarcam 50 mil passageiros, todas as manhas, na maior mistureba.

Uma viagem nele equivale a uma volta ao mundo, tal a diversidade étnica de seus passageiros. Agora, virou atraçao turística. Um passeio por suas 21 estaçoes pode levar uma hora e meia, com direito a vista panorâmica de Manhattan, antes da entrada do tunel do East River.

Por causa de sua importância à imigraçao, o trem vai ganhar vários marcos, placas e nova sinalizaçao, tudo pago com verba federal. Por enquanto, só os personagens transportados pelo 7 continuam anônimos. Entre eles, gente que abriu a primeira padaria mexicana em Nova York, um joalheiro chinês que fugiu de Mao Tsetung, hordas de salvadorenhos escapando da Revoluçao Sandinista, peruanos sobreviventes da guerrilha do Sendero Luminoso - todos em coexistência pacífica com árabes refugiados de várias pendengas das arábias.

Há brasucas no caminho do 7. Ele pára na ponte do Queens para fazer conexao com o trem N, amarelo, emAstoria, o bairro dos brasileiros, despejando ali a turma que trabalha em Manhattan.

No seu trecho do Queens o 7 anda sempre sobre trilhos elevados. A primeira parada em Astoria é sobre a Igreja Missionária Brasileira, do pastor Renato Marciano. Em seguida, vai desfilando por pubs irlandeses, bares colombianos, padarias mexicanas, restaurantes coreanos.

Seu trecho mais importante é da avenida Roosevelt em diante, até o final no Flushing. É um caldeirao de todos os países centro e sul-americanos. Sabe-se lá como, suas estaçoes e carros sao os mais limpos de Nova York, conforme pesquisa da Autoridade Portuária, órgao estadual que controla o metrô.

Na Roosevelt, as escadarias das estaçoes estao sempre atravancadas por ambulantes vendendo mangas, relógios, camisetas frango frito e churros - numa eterna briga com a rapa da prefeitura. As negociaçoes e as confusoes sao sempre discutidas em espanhol.




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