Um vexame histórico. Depois de sofrer sete gols e marcar apenas um em dois jogos, a Espanha está eliminada da Copa do Mundo. A saída melancólica da atual campeã foi confirmada ontem à tarde, após derrota por 2 a 0 para o Chile, no Maracanã, pela segunda rodada do Grupo B.

Nem de longe a Fúria lembrou os tempos áureos que a consagraram como a seleção mais admirada do planeta, quando ganhou as duas últimas edições da Eurocopa, em 2008 e 2012, e a Copa na África do Sul, em 2010. Nas últimas quatro competições da Fifa, é a terceira vez que o defensor do título deixa o torneio ainda na fase de classificação (além da Espanha, saíram precocemente a França, em 2002, e a Itália, em 2010).

Mesmo precisando demais da vitória para voltar a ter esperança de seguir adiante na Copa, os espanhóis entraram em campo apáticos. Nem a mudança tática do técnico Vicente Del Bosque, que alterou a equipe derrotada por 5 a 1 pela Holanda, deixando de fora do time titular estrelas como Piqué e Xavi, surtiu efeito. Pelo contrário. A sensação era de que a equipe estava ainda mais desorientada.

Empurrados pela maioria dos 74 mil torcedores que lotaram o Maracanã, os chilenos saíram para o ataque logo no início. A primeira jogada de perigo da Espanha ocorreu somente aos 15 minutos, em uma saída de bola errada do Chile. Mas não fez muito mais do que isso.

O primeiro gol do time sul-americano foi marcado por Eduardo Vargas, aos 19 minutos, após jogada pela esquerda e um corte incrível no goleiro Casillas. O segundo veio aos 43 minutos, marcado por Aranguiz, após falha no arqueiro espanhol em rebatida.

A Espanha voltou mais forte no segundo tempo, mas não conseguiu superar a barreira da zaga chilena. Como forma de retribuição à torcida, o técnico chileno colocou em campo no fim do jogo o palmeirense Valdivia, que entrou ovacionado. No fim, o público gritava ‘eliminado’ e lançava o tradicional olé para cada passe do time chileno.

A Espanha encerra a participação no torneio no Brasil contra a também eliminada Austrália – ambas sem pontuação –, na segunda-feira, em Curitiba. Chile e Holanda definirão, também na segunda, na Arena Corinthians, quem será o primeiro do Grupo B. O segundo deverá enfrentar o Brasil nas oitavas de final, caso a Seleção de Luiz Felipe Scolari confirme a liderança da chave.

Mostramos que podemos vencer a campeã do mundo, diz técnico chileno

O treinador do Chile, Jorge Sampaoli, classificou a vitória e a classificação antecipada da equipe às oitavas de final da Copa do Mundo como momentos mais importantes da história do futebol no país. Para ele, o time não teve receio de enfrentar a atual campeã.

“Temos de encarar o fato de que podemos ganhar da campeã do mundo. Precisamos valorizar o fato de nossos jogadores terem neutralizado uma equipe com qualidade como a da Espanha. Estou muito orgulhoso pela valentia e a autoridade com o que o time se colocou em campo. Mas temos de lembrar que a melhor vitória é a próxima”, pontuou o comandante da equipe chilena, ao deixar claro que a briga agora de seus comandados é pelo primeiro lugar da chave.

Mesmo assim, Sampaoli teve de responder a questionamentos sobre a possibilidade de enfrentar o Brasil já no início da fase decisiva. “Nós precisamos ganhar para sermos os primeiros. Como o Brasil irá se classificar, é uma questão do Brasil. É um time muito forte e um dos favoritos, mas temos que pensar jogo a jogo.” Ele contou que substituiu Vidal no segundo tempo – que saiu muito aplaudido –, por conta de uma dor no tendão. Mas não disse se ele é dúvida para os próximos jogos.

Valdivia considerou a vitória chilena como o novo Maracanazzo, a exemplo da façanha do Uruguai, que venceu o Brasil na final da Copa de 1950. Apesar da derrota, a Espanha teve mais posse de bola, com 56%, contra 44% da equipe chilena.