Economia Titulo Sediada em Santo André
CVC apresenta balanço com prejuízo de R$ 1,9 mi em 2019

Expectativa da empresa era a de ter lucro de R$ 45 mi; dados de 2020 não foram divulgados

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
02/09/2020 | 00:06
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A CVC Corp, empresa de turismo com capital aberto sediada em Santo André, finalmente divulgou o balanço financeiro do quarto trimestre de 2019 e, portanto, do ano passado todo, quando contabilizou prejuízo de R$ 1,86 milhão. Resultado bem diferente do que havia anunciado a companhia em 3 de agosto, quando divulgou dados preliminares não auditados, e a expectativa era a de lucro de R$ 45 milhões no ano passado.

A informação foi dada ao mercado ontem após cinco adiamentos. A operadora ainda não apresentou os resultados do primeiro e segundo trimestres de 2020, ao contrário da maioria das companhias listadas na bolsa de valores, descumprindo inclusive o calendário da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), e sendo multada em R$ 1.000 por dia desde 30 de junho, mas afirmou que pretende tornar público os dados até 30 de setembro. O valor já gira em torno de R$ 62 mil.

A postergação da apresentação dos resultados de 2019 foi motivada principalmente pela apuração de erro fiscal, que deve continuar a ser pauta, mesmo após a finalização do processo de apuração independente. “O conselho de administração da companhia decidiu, em reunião realizada nesta data (ontem), atribuir a grupo de conselheiros a coordenação dos trabalhos de apuração de responsabilidades, que poderão contratar assessores para apoiá-los. A partir do trabalho desse grupo de conselheiros, o conselho de administração espera avaliar a possibilidade de responsabilização das pessoas envolvidas e as medidas legais cabíveis, de modo que este assunto possa ser devidamente reportado aos acionistas da companhia e, se for o caso, submetido à assembleia geral”, informou, em fato relevante. O valor do erro contábil, inicialmente de R$ 250 milhões, foi de R$ 362 milhões. O conselho deve se reunir até 8 de setembro.

“Ainda não temos informações do primeiro e segundo trimestres deste ano, o que gera incertezas porque não reflete a realidade da empresa no atual período da crise da pandemia”, afirmou o economista da Messem Investimentos Gustavo Bertotti. Ontem, o mercado reagiu bem à divulgação dos dados e as ações da empresa valorizaram 2,19%, para R$ 18,70. No ano, porém, os papéis da empresa acumulam desvalorização de 56,27%.

A CVM segue com processo em aberto para apurar o atraso na divulgação das demonstrações financeiras. De acordo com o calendário da autarquia, as companhias deveriam apresentar os resultados do primeiro trimestre de 2020 até junho e os do semestre até agosto.

“As empresas têm um prazo para divulgação de determinadas informações. Quando elas não o fazem, investidores e demais participantes de mercado ficam preocupados em relação a operar ativos destas companhias. Quando a CVC posterga a publicação do balanço, passa a sensação de que há um problema relacionado à confiança dos dados que serão publicados. O mercado sente isso e pode avaliar, em uma análise de risco, que outras empresas podem ser mais atrativas para compor seu portfólio”, explica Rodrigo Tavares, assessor de investimentos na Saron Investments, escritório da XP Investimentos.

A CVC não respondeu os questionamentos do Diário sobre o assunto.
 




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