Economia Titulo Indústria automotiva
Volkswagen comunica férias coletivas para linha de montagem

Empresa notificou sindicato e deverá adotar medida e dar folga para 7.000 trabalhadores a partir do dia 31

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
17/03/2020 | 00:05
Compartilhar notícia


O aumento dos casos de coronavírus causa preocupações das montadoras da região. Além dos anúncios da adoção de home office pelo setor administrativo – feito oficialmente pela Ford, GM (General Motors) e, ontem, pela Mercedes-Benz –, a Volkswagen deve adotar o mecanismo de férias coletivas na planta Anchieta, em São Bernardo, a partir do dia 31 deste mês. De acordo com o sindicato, cerca de 7.000 dos 9.000 trabalhadores da linha de produção devem folgar por pelo menos dez dias.

Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Wagnão, a empresa comunicou a entidade oficialmente. “Temos um comunicado oficial falando sobre dez dias, mas isso pode aumentar. Tudo depende do quanto a pandemia se agravar”, afirmou. Ele destaca que a empresa também deve aumentar o home office de trabalhadores dos escritórios, atualmente em 400, mas que pode chegar a 700.

Segundo ele, as demais montadoras monitoram a situação e, dependendo, também podem recorrer ao mecanismo. “Inicialmente, elas estão focando em medidas educativas e preventivas relacionadas a higiene, o que neste momento torna-se extremamente importante”. A estimativa é que o número de colaboradores da região em home office esteja em torno de 1.500.

Wagnão afirmou que o risco à saúde para os funcionários do chão de fábrica é maior. “Essa é a única maneira de evitar o contágio. Se uma linha aparecer com dois, três ou quatro infectados, não se sabe quantas pessoas podem aparecer com o vírus”, afirmou. “Eu espero que as empresas tenham a consciência de que, de fato, a melhor prevenção é os trabalhadores da produção ficarem em casa”, completou, justificando que grande parte dos operários utiliza transporte público e tem contato com familiares idosos e crianças.

“Nós consideramos que a maioria dos trabalhadores será infectada, isso com base no que pesquisas já mostraram. Uma parte de até 25% terá sintomas que podem ser parecidos com gripe leve”, disse ele, afirmando que espera orientação por parte da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). “Não adianta uma empresa parar e, depois de 15 dias, parar outra e depois de mais 15 dias, outra. Isso deve acontecer entre a última semana de março e a primeira de abril, que é quando o pico mais alto de contaminação deverá acontecer. Não adianta, agora não é hora de ver lucro e prejuízo”, relacionou o sindicalista.

Questionada, a Volkswagen não confirmou as férias, informando que segue adotando medidas de comunicação para prevenção, adiamento de viagens e recomendação de trabalho remoto. A Mercedes-Benz também optou ontem por home office para as áreas administrativas. A Toyota e a Scania seguem monitorando a situação e intensificando cuidados de higiene dos trabalhadores.

Em relação à indústria química, o Cofip ABC (Comitê de Fomento Industrial do Polo do Grande ABC) também adotou o home office para o setor administrativo.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;