Setecidades Titulo Expedição Billings
Assoreamento e ocupação das margens preocupam pesquisadores

Primeira semana do projeto analisou água coletada em 20 pontos de quatro cidades do Grande ABC

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
04/04/2017 | 07:00
Compartilhar notícia


 Preocupação. Essa foi a sensação resultante da primeira semana de trabalhos da Expedição Billings, iniciativa da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), por meio do projeto IPH (Índice de Poluentes Hídricos), em parceria com a empresa ProMinent, que analisa a qualidade da água da represa pelo terceiro ano consecutivo. Após análise de amostras coletadas em 20 pontos localizados em quatro cidades – Santo André, São Bernardo, Ribeirão Pires e Rio Grande –, chama atenção a continuidade das ocupações às margens do manancial, além de assoreamento de trecho no braço Rio Grande.

“A gente sempre começa a expedição com o coração apertado. Fica uma certa frustração, porque continua tudo a mesma coisa, o que não é bom. Com certeza isso é reflexo da falta de interesse e de investimento do poder público”, observa a bióloga, especialista em recursos hídricos e coordenadora do projeto IPH/USCS, Marta Ângela Marcondes.

A especialista destaca o assoreamento de cerca de 800 metros na margem da represa no braço Rio Grande, resultado de obra do governo do Estado para aumentar a oferta de água para a Capital iniciada em 2015. “Preocupa muito, porque corresponde à perda de capacidade de armazenamento da represa”, revela Marta.

Outro problema, conforme a bióloga, é a manutenção das ocupações irregulares no entorno da represa, o que significa o despejo de esgoto in natura na Billings. “Não tivemos avanços na remoção dessas famílias, nem no saneamento. Com isso, temos diversos tipos de contaminação por bactérias, além de hormônios e fármacos, que não são retidos em nenhum tipo de tratamento da água”, ressalta Marta. Exemplo de microorganismo encontrado nos trechos ocupados é a Shiguella spp, causadora de doenças do trato intestinal, seja pelo consumo ou apenas contato com a água contaminada.

Um item, no entanto, aparece como positivo. Conforme os pesquisadores, houve melhora em relação ao ano passado do ponto de vista da qualidade da água, tendo em vista aumento do número de trechos bons (passou de quatro para oito) e diminuição dos regulares (de nove para sete) e ruins (de sete para cinco).

Entre os 57 quilômetros percorridos pelo eco-esportista Dan Robson foram constatados oito pontos classificados como bons (quatro em Santo André, três em São Bernardo e um em Ribeirão Pires), sete como regulares (quatro em Santo André, dois em Rio Grande da Serra e um em São Bernardo) e cinco como ruins (dois em Santo André, um em São Bernardo, um em Ribeirão Pires e um em Rio Grande da Serra).

A segunda semana de análises percorrerá 22 pontos da represa em área de divisa entre São Bernardo e Diadema. Ao todo, a expedição atravessará em sete semanas 462 quilômetros de margem e coletará amostras do líquido em 164 pontos, distribuídos entre São Bernardo (104), Capital (37), Santo André (dez), Diadema (oito), Ribeirão Pires (dois) e Rio Grande da Serra (três).

 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;