Política Titulo Desembolso
Vereadores gastaram 64% a menos por voto

Parlamentares pagaram em 2016, em média,
R$ 8,51 por sufrágio; em 2012, apostaram R$ 23,42

Júnior Carvalho
Raphael Rocha
08/01/2017 | 07:07
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Nario Barbosa/DGABC


Os 142 vereadores eleitos no Grande ABC no pleito de outubro gastaram 64% a menos do que os vencedores na eleição de 2012. Levantamento feito pelo Diário mostra que os parlamentares desembolsaram, em média, R$ 8,51 por voto que recebeu. Há quatro anos, a aposta foi de R$ 23,42 por sufrágio.

Para especialista, redução é resultado do fim do financiamento empresarial de campanha – estipulado em 2015 –, que barateou as eleições. A Justiça Eleitoral ainda analisa as prestações de contas das campanhas dos candidatos a vereador, mas a maioria dos políticos da região já teve seus gastos avalizados.

No pleito de três meses atrás, o parlamentar que mais gastou no Grande ABC foi Professor Betinho (PSDC), de Mauá. Ele desembolsou R$ 66,88 por voto recebido – 2.280 adesões. O cálculo leva em consideração o total que o candidato gastou na campanha, dividido pelo número de votos que recebeu. Em Santo André, a campeã foi Bete Siraque (PT), que foi reeleita com 3.456 adesões e gastou R$ 17,71 por cada uma; o parlamentar de primeira viagem Toninho Tavares (PSDB), de São Bernardo, despendeu R$ 37,43 por cada um dos 2.905 votos recebidos; Edison Parra (PSB) despontou em São Caetano – gastou R$ 30,86 para obter 1.169 apoios. O também debutante Rivelino Teixeira, o Pretinho (DEM), foi o que mais desembolsou por voto em Diadema: R$ 15,78 em cada um dos 3.326 sufrágios. Ex-presidente da Câmara de Ribeirão Pires, José Nelson de Barros (PSD) depositou R$ 57,43 por eleitor (foram 647). A despesa de campanhas foi disparadamente menor em Rio Grande da Serra, onde Israel Mendonça (PTN) despendeu R$ 3,04 por cada um dos 506 votos (veja quadro completo abaixo).

Para a professora da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) e cientista política Maria do Socorro Sousa Braga, a diminuição dos gastos das campanhas é reflexo da proibição do financiamento empresarial de campanha. Porém, ela ressalta a importância de apuração das denúncias de fraudes nas doações eleitorais.

“Houve uma redução significativa (do custo do voto). (A redução) Vai depender de como os casos encontrados vão ser punidos. Se continuar a morosidade da Justiça Eleitoral em cima desses casos, não ajuda. Agora, se de fato houver controle, a tendência é que esse número caia mais”, projetou.

Outra questão destacada por Maria do Socorro é a concentração, por parte dos partidos, de recursos para as campanhas a determinados candidatos. Ou seja, poucos nomes são privilegiados na distribuição do dinheiro, encarecendo a despesa de um ou outro pleiteante.

“Isso é antidemocrático. Alguns partidos privilegiam aquelas lideranças que já possuem cargos e que, em tese, podem garantir representatividade. Em consequência disso, as legendas acabam levando à oligarquização e à elitização da classe política. Além de competir com outros candidatos, ainda há a concorrência interna nos partidos”, criticou.

DOAÇÕES DUVIDOSAS
Em setembro, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) revelou que, através de cruzamento de dados, foi possível identificar que cerca de R$ 16 milhões foram doados a diversos candidatos por pessoas beneficiárias do programa Bolsa Família. O TSE prometeu investigar se houve fraude nas colaborações. No caso, se o doador tem renda suficiente para não ser favorecido do programa social. Outra apuração é sobre se um cidadão comprovadamente enquadrado nos critérios do governo federal teve o CPF envolvido indevidamente. 




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