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Medidas do BC retraem venda de carros
Leone Farias
Diário do Grande ABC
04/05/2011 | 07:02
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As medidas do Banco Central para conter o consumo e refrear a inflação começam a gerar impacto nas vendas de veículos zero-quilômetro. Em abril, foram comercializadas 289.213 unidades de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus no País, 5,54% menos que em março, de acordo com dados divulgados ontem pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).

Se for considerada a média diária, o desempenho é favorável (4% maior), já que abril teve dois dias úteis a menos (19 contra 21 em março). Apesar disso, o presidente da Fenabrave, Sérgio Reze Filho, avalia que há tendência de queda no ritmo das vendas.

Ele considera que o fato de o BC ter exigido mais garantias dos bancos para o financiamento de longo prazo, somada à decisão de aumentar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 1,5% para 3%, desde abril, - além das altas dos juros básicos - "começam a gerar contenção da demanda".

O impacto se dá sobretudo nas vendas de veículos populares, observa o presidente do Sincodiv-SP (Sindicato das Concessionárias e Distribuidoras de Veículos no Estado de São Paulo), Octávio Vallejo. "Os juros subiram e uma parcela dos que compravam sem entrada ficou de fora (sem conseguir efetivar a compra)", atesta Hermes Schincariol Filho, diretor de rede de concessionárias com sede em Santo André.

De janeiro a abril, o setor comercializou 1,114 milhão de unidades, 4,56% mais que no mesmo período do ano passado. É a melhor marca da história do segmento para o primeiro quadrimestre. Entretanto, por causa das medidas do BC, a Fenabrave deve rever para baixo sua projeção de crescimento de 4,2% nas vendas (de automóveis e comerciais leves) para o ano em relação a 2010. Porém, a entidade vai aguardar mais este mês para fazer novas estimativas.

 

INFLAÇÃO - Reze afirma que é preferível o setor crescer menos, com medidas administradas pelo BC, do que o governo ter de tomar medidas drásticas para conter o consumo. No entanto, ele ressalta que o segmento não contribui para a disparada da inflação. Pelo contrário, "os preços (dos carros) se não são iguais são até menores que os do ano passado".

 

ESTOQUE REGULADOR - A alta de preços do álcool, neste ano, decorre da omissão do governo federal, que não criou estoques reguladores desse produto para suprir a demanda em período de entressafra, somada à ganância dos usineiros, afirma o presidente da Fenabrave, Sérgio Reze.

Para o dirigente, enquanto os preços dos carros estão estáveis e, em alguns casos, até se retraíram e não pressionam a inflação, o mesmo não acontece com o custo do combustível.

Reze acrescenta que só agora o governo federal "acordou" para a questão, ao transferir a responsabilidade do estoque regulador para a ANP (Agência Nacional de Petróleo). "Desde 1979, (quando foi lançado o Proálcool), nunca foi criada regra para que não tivéssemos solavancos na demanda do álcool", afirma.

Segundo o presidente da Fenabrave, era previsível que, em momento de falta de açúcar no mercado internacional, o setor sucroalcooleiro passasse a concentrar a produção desse item, gerando com isso, desabastecimento do etanol.




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