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Casal de avós de Santo André une tecnologia e tradição
Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
26/07/2015 | 07:00
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O Dia dos Avós, comemorado hoje, homenageia São Joaquim e Santa Ana, que são os avós de Jesus Cristo e pais de Maria. Ana e Joaquim já tinham idade avançada e não tinham filhos, o que, para os judeus, era considerado motivo de vergonha. Ambos rezavam muito para serem pais e, quando estavam quase desistindo, foram contemplados com o nascimento da Virgem Maria.

Os padroeiros dos avós têm algo em comum com o casal Antônio Evaristo da Silva, 83 anos, e Geraldina Martins da Silva, 73: a fé. Naturais da cidade de Nova Rezende, em Minas Gerais, moram em Santo André desde 1959, na casa em que nasceram dois dos três filhos e foram criados os oito netos.

Os dois são primos de segundo grau e, de acordo com seu Antônio, se casaram em 1958 porque não tinham muita opção naquela época. Dois dos filhos nasceram de parto normal na casa em que ambos se recusam a vender e planejam passar o resto da vida recebendo os filhos, filhas, netas, netos, além dos agregados. “Fazemos questão de ter essa mesa grande para todo o mundo comer junto. Antes eram só os netos, mas agora tem os namorados e namoradas e, logo mais, não vai ter espaço para todo mundo”, disse Geraldina.

Seu Antônio, que trabalhava na roça e veio ser torneiro mecânico na cidade, frequentou a escola por três anos. Mesmo com esse limitador, começou a escrever seus pensamentos e orações em pequenos cadernos, que há dois anos foram substituídos pela tela do notebook.

“São crônicas diárias que eu vivia escrevendo. São coisas que ficam dentro da minha cabeça e vou transformando no papel. Faço muitas orações agradecendo e pedindo proteção, mesmo tendo pouco estudo”, contou o idoso.

O corretor ortográfico virou o melhor amigo de seu Antônio. Isso porque, quando uma palavra é grafada em vermelho, ele não clica para saber como é a grafia correta, mas sim muda até descobrir sozinho.

“O risquinho vermelho é um desafio. Fico mudando até descobrir o certo. Escrevo todos os dias”, disse.

Ele se rendeu tanto à tecnologia que, há dois meses, fez um perfil no Facebook, onde já tem 86 amigos. Na rede social, compartilha os escritos que mais gosta e também se comunica com os netos e o restante da família.

Quem prefere não chegar perto do computador é dona Geraldina. Ela passa seu tempo livre cozinhando e plantando, suas paixões. “Isso de mexer em computador é coisa dele. Eu gosto mesmo é de plantar. Meus netos brincam que não posso ver uma latinha que quero cultivar algo nela, o que é verdade”, contou, aos risos.

Mesmo com os protestos dos netos, ela garante que não tem preferência por nenhum. “Família é tudo para mim e não há nenhuma distinção entre eles”, disse.

“Quando você é pai, tem que gastar muito tempo trabalhando para garantir o sustento da família. Mas, quando você é avô, consegue viver ao máximo essa experiência, que é uma grandeza”, completa seu Antônio, com as sábias palavras de quem viveu uma vida inteira pela família.




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