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Estrada das Sete Cruzes é calvário de motorista
Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
21/07/2005 | 08:27
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Dois quilômetros e trezentos metros de crateras no asfalto. Essa é a situação da estrada Sete Cruzes, que liga Ribeirão Pires à cidade de Suzano. Usada como alternativa para encurtar viagens, a via está abandonada. Não dispõe de acostamento e, em alguns trechos, o matagal chega a invadir parte do asfalto, complicando o trajeto para o motorista que enfrenta a cada dia mais obstáculos, bem além das sete cruzes que dão nome à estrada. Caminhões com mais de 12 toneladas de carga são proibidos, mas como não há fiscalização, tais veículos trafegam normalmente pela estrada. Os carros de grande porte são até mesmo os mais vistos pela estrada, que se torna perigosa para quem faz o percurso em veículo de passeio ou até mesmo a pé.

Alguns remendos, feitos com paralelepípedos, tentam amortizar o impacto do excesso de buracos, mas cair em uma das erosões é quase inevitável. Como não há providências por parte das prefeituras, a população local tentou diminuir a profundidade das erosões usando terra. A intenção é boa, mas dura pouco. Basta um dia de chuva ou de muito vento para que a medida paliativa deixe de dar resultados. Apesar da precaução, quem trafega pela estrada Sete Cruzes tem dificuldade para desviar dos buracos. Na maior parte da via, a mão-dupla fica impraticável. Se um motorista desvia das erosões, o carro que vem na direção contrária é obrigado a parar e esperar as manobras para seguir viagem.

Sinalização é outra deficiência grave da via. Não há placas indicativas, exceto a que orienta os caminhões mais pesados a usar outro trajeto. Cercada por chácaras, a estrada acaba no roteiro dos tratores que trabalham nas residências rurais. Depois de desviar das erosões e reduzir consideravelmente a velocidade, o motorista menos atento pode se assustar ao deparar com os veículos rurais. É somente ao passar a divisa com Suzano que o motorista encontra um percurso mais confortável.

"Passo por aqui todos os dias há mais de sete anos e só me lembro de ter havido manutenção uma vez. É um desaforo por parte da administração municipal porque o trecho tem grande movimentação de carros. Quem conhece esse caminho alternativo não vai perder tempo pela rodovia Índio Tibiriçá. Por lá, o caminho é mais longo e ainda há o problema da fiscalização da Polícia Rodoviária", reclama o construtor Carlos Lagares Luiz, 45 anos. Morador de São Bernardo, Luiz utiliza a estrada Sete Cruzes para chegar ao trabalho, em Poá.

"Uso a estrada porque é mais rápido, mas já faz algum tempo que a economia deixou de valer a pena. É que para desviar das crateras levo pelo menos 20 minutos a mais do que antes para percorrer os pouco mais de dois quilômetros", avalia.

Os buracos se concentram em dois pontos da estrada. Um dos trechos fica bem no início, na altura do número 8.000 da estrada do Sapopemba, em Ribeirão Pires. O outro compreende o trecho depois de percorrido 1,5 quilômetro. Mesmo com os remendos, os carros encontram dificuldade para atravessar a pista. Exceto os jipes, não há como andar a mais de 20 km/h.

Desde que esteve na estrada, na última segunda-feira, o Diário procura o secretário de Obras e Serviços Municipais de Ribeirão Pires, Francisco Aurélio Carpinelli, para falar sobre a precariedade da estrada. No entanto, não obteve retorno. Quarta-feira, após a insistência da reportagem, a Prefeitura informou que vai fazer uma vistoria no local para avaliar as condições atuais da estrada, incluindo asfalto e sinalização. De acordo com informações da administração municipal, o secretário de obras promete ir nesta quinta-feira até o local. A administração também não comentou a respeito dos problemas sobre a fiscalização.

Contam os moradores que, à noite, a estrada Sete Cruzes é totalmente escura e não são raras as vezes em que os motoristas perdem o controle dos veículos por caírem ou desviarem dos buracos.

A pé - Quem não tem alternativa e percorre a estrada a pé permanece em constante risco. Além da falta de acostamento, em alguns trechos, o pedestre é obrigado a caminhar praticamente no meio da pista por conta do mato alto. Apesar das erosões, carros mais potentes como jipes e picapes não se inibem e trafegam em alta velocidade. Não há precaução quanto aos pedestres e tampouco respeito aos carros menores que precisam parar para desviar das erosões.

Em alguns pontos, as margens do asfalto estão comidas, deixando as pistas mais estreitas e complicando ainda mais a vida do pedestre. Os carros de passeio, de menor porte, não conseguem ganhar velocidade em todo o trecho da Sete Cruzes. Até mesmo os caminhões são obrigados a reduzir a velocidade quando acessam o canal de ligação com a capital.




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