Economia Titulo ABC do Diálogo
Seminário sobre crise financeira vira palco eleitoral

Dilma e Serra abandonam propostas contra desemprego e antecipam discurso de campanha

Por Marcos Seabra
Do Diário do Grande ABC
12/03/2009 | 07:00
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Os participantes e os organizadores do seminário O ABC do Diálogo e do Desenvolvimento perderam ontem uma grande chance de mostrar como pretendem amenizar o impacto da crise na região. Os mais de mil espectadores presentes no evento, realizado no Cenforpe (centro de Formação de Professores de São Bernardo), presenciaram o primeiro debate público entre os dois virtuais candidatos à Presidência da República: o governador do Estado de São Paulo, José Serra, e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Ao invés de apresentarem propostas para que as empresas e os trabalhadores do Grande ABC enfrentem a ameaça do desemprego - mais de 17 mil vagas foram fechadas na região nos últimos seis meses, sendo pelo menos 5.000 no segmento de autopeças e borrachas automotivas -, Serra e Dilma se preocuparam em defender suas próprias realizações e dos governos estadual e federal.

A ministra da Casa Civil relatou as obras do PAC, como tem feito rotineiramente em seus giros pelo País, sob os aplausos de uma "torcida" de sindicalistas. "O governo agora é parte da solução, pelos investimentos que podemos fazer", disse a ministra.

Ao contrário do que se esperava, a ministra não formalizou propostas para amenizar as demissões no setor automotivo, carro chefe da economia da região e que responde por 45% da produção nacional de veículos.

"Temos de reconhecer que é grave a falta de estoque de crédito, mas temos de reter as expectativas negativas. Uma das formas de contágio da crise internacional é o modo com que se alastra e que torna extremamente grave a situação do País", acrescentou a ministra.

Diante do tom de "prestação de contas" do discurso da ministra, Serra respondeu na mesma moeda. O governador passou a descrever parte das ações de sua administração, incluindo "broncas" nos prefeitos - os setes administradores municipais estavam presentes ao evento -, e recomendações à ministra e ao governo federal.

"Há seis meses os sinais da crise tinham aparecido, mas a política econômica continuou a mesma, mesmo diante dos sinais da crise. Os economistas do governo talvez não entendam tanto de economia como eles pensam", arrematou o governador diante do olhar surpreso do secretário nacional de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Henrique Barbosa Filho. O secretário, aliás, também limitou-se a relatar ações do já tomadas pelo governo, mas, também, sem propor soluções.




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