Cultura & Lazer Titulo Carlos Moreno
Uma nota para o novo maestro

Carlos Moreno era menino quando escreveu em uma atividade escolar sobre o futuro profissional

Por Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
25/06/2008 | 07:00
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Carlos Moreno era menino quando escreveu em uma atividade escolar sobre o futuro profissional. "É engraçado. Minha mãe achou uma redação de quando eu tinha dez anos que dizia: ‘Meu sonho é ser médico e maestro quando crescer'", lembra. Hoje, o novo regente titular da Orquestra Filarmônica de São Bernardo não lamenta não ter perseguido a segunda inclinação profissional. Aos 40, um troféu na categoria Revelação no Prêmio Carlos Gomes de 2003, Moreno mantém intensa atividade no cenário de música de concerto no País e no Exterior. Suas marcas são promover as orquestras para fora do nicho em que foram criadas e formar público, ações que devem guiar seu trabalho na região, que, a princípio, deve durar um ano.

Nascido em Petrópolis, Moreno reúne bons resultados. Sob sua batuta desde 2002, a Osusp (Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo), antes composta só por cordas, ganhou o prêmio Carlos Gomes de melhor orquestra quatro anos depois. "Quando comecei, nem era sinfônica, estava desacreditada", afirma. Para assumir a formação de São Bernardo, o maestro obteve licença de um ano na USP. Na prática, porém, se dividirá. "Fiquei muito honrado com o convite, porque foram os músicos que mencionaram o meu nome. Por enquanto, devo conciliar. Mas quem sabe a cidade não me conquista?", brinca.

Para a Sociedade dos Amigos das Artes, que criou a orquestra, a chegada de Moreno significa mudanças. "Ele vai imprimir uma nova dinâmica e teremos novas vitrines", diz o presidente, Moacir Donadelli, se referindo à apresentação na Sala São Paulo, no dia 29, em que a Filarmônica executará A Canção da Terra, de Mahler. "Dificílima", destaca o regente.

Anteontem, o Diário acompanhou parte do primeiro ensaio da Filarmônica de São Bernardo com novo regente. A formação concentrou-se no programa do concerto de estréia, que ocorre no sábado, às 20h, no Teatro Lauro Gomes. "Estou aprendendo sobre a cidade o gosto do público. Vou mostrar todo o potencial de uma orquestra, com dança, música brasileira, ópera, um concerto tipicamente erudito... Minha intenção é que o público me dê a nota", diz.

O concerto de chegada abre a série Do Campo para o Mundo, com o programa Grandes Aberturas. No ensaio, A Flauta Mágica e Os Mestres Cantores, de Wagner, entre outros. "Hoje, tirei a minha última dúvida: minha orquestra é excelente", diz. Baseado no nível da Filarmônica, o regente titular buscará parcerias para levar a formação para outros locais. "Grandes empresas daqui investem na Osesp. Talvez não conheçam a orquestra. E nós vamos apresentar. Na Osusp foi assim. Deu certo porque não fiquei só naquele âmbito. As pessoas têm de conhecer e se identificar com a orquestra", diz. A proposta é ampliar a formação de público, que já tem os Concertos Didáticos, levando pequenos grupos de músicos às escolas. Igrejas, escolas e espaços públicos também estão na mira do maestro para abrigar concertos.

Os músicos foram formalmente apresentados ao regente no dia 6. Alguns, incluindo o spalla, Simplício Soares de Brito Júnior, compuseram a orquestra de Pedro e o Lobo, que Moreno formou especialmente para as apresentações do infantil no Auditório do Ibirapuera, no início do mês. O espetáculo também contava com componentes da Osusp. "Na verdade o círculo de música de orquestra é muito restrito, infelizmente", afirma.

A formação de Moreno começou aos seis anos, com aulas de piano dadas pela mãe. "Só para contrariar, aos oito, fui aprender violino, que é meu instrumento principal", lembra. Freqüentou o Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis e especializou-se no método Suzuki. Lecionou violino por 12 anos e integrou as Orquestras do Teatro Municipal do Rio e Sinfônica Nacional, entre outras.

Começou a estudar regência em 1995. Seus mestres foram Roberto Duarte, Gustav Mayer e Kirk Trevor. Estudou na Ucrânia e na República Tcheca, onde participa há três anos como professor no International Workshop for Conductors.




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