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Malan: 'BC nao é uma caixa preta'
Do Diário do Grande ABC
10/05/1999 | 10:27
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O ministro da Fazenda, Pedro Malan, negou que o Banco Central, assim como empresas estatais, instituiçoes e poderes da República sejam uma caixa preta, como chegaram a afirmar alguns parlamentares que integram a CPI do Sistema Financeiro no Senado. "O que nao quer dizer que existe uma total e absoluta transparência em tempo real, on-line, sobre tudo que acontece em cada uma dessas empresas ou instituiçoes", observou o ministro.

"Eu acho que o importante aqui é a busca de transparência e de mecanismos conhecidos de todos", afirmou. Pedro Malan voltou a destacar que o grande papel da CPI será, além da investigaçao e encaminhamento das conclusoes ao Ministério Público e à Justiça Federal, a fase propositiva de mudanças, na legislaçao e nos procedimentos do BC para evitar operaçoes questionáveis.

"Estou confiante que chegaremos nessa fase", acrescentou o ministro, lembrando que o Banco Central já vem adotando medidas na direçao de evitar certos tipos de operaçoes. "Eu acho que a tendência claramente é essa e estou confiante na capacidade de um trabalho construtivo entre o Executivo e o Legislativo nessa área".

O ministro admitiu que a desvalorizaçao cambial nao foi feita nas circunstâncias ideais para evitar surpresas ao mercado e ajudas de última hora. "Nao foram as circunstâncias ideais; um planejamento cuidadoso e cauteloso que permitisse com grande antecipaçao decidir o melhor curso de açao e mapear todas as possíveis implicaçoes. Essa decisao foi tomada e a flutuaçao (cambial) foi forçada em circunstâncias peculiares, tanto na dimensao interna, de política interna e econômica, quanto na dimensao internacional", afirmou o ministro.

Em entrevista ao programa Bom Dia Brasil da TV Globo, o ministro voltou a dizer que nao sabia da operaçao de ajuda aos bancos Marka e FonteCindam. Falou que a acusaçao, divulgada pela imprensa no último fim de semana, é leviana, irresponsável e mentirosa.

Depoimento - Ainda assim, o ministro reafirmou que, se for convocado, comparecerá à CPI do Sistema Financeiro para prestar esclarecimentos. "Eu já respondi essa pergunta dezenas, talvez centenas de vezes; nao tenho problema em repeti-la mais uma vez. É óbvio que se chamado a comparecer à CPI eu, como qualquer brasileiro, o farei", disse.

Demonstrando certa irritaçao, o ministro voltou a responder também a declaraçao que deu, no Exterior, de que só revelaria a causa da demissao do ex-presidente do BC, Francisco Lopes, somente 10 anos depois de sua morte. "Já tive a oportunidade de responder isso, de público, em uma sessao da Comissao de Assuntos Econômicos do Senado Federal, no dia 24 de março", lembrou o ministro, explicando que sua expressao foi em tom de brincadeira em resposta a um jornalista conhecido. "Me arrependi de ter feito essa brincadeira e acho lamentável que seja usada com o objetivo de mostrar que há coisas tao graves que só podem ser dadas a conhecimento público depois de minha morte", afirmou o ministro, acrescentando que suas explicaçoes estao nas atas da sessao da comissao do Senado.

Pedro Malan voltou a relatar o episódio da demissao de Lopes, lembrando que colocou o seu cargo de ministro e do presidente do BC à disposiçao do presidente. Ele negou também que a demissao de Lopes teria sido provocada pela ajuda dada aos bancos Marka e FonteCindam.

Malan disse que tem certeza de que o governo norte-americano teria utilizado recursos públicos para resolver o problema da falência de um fundo, em setembro do ano passado. Ele lembrou que a soluçao encontrada na época foi forçada, com a convocaçao do Banco Central norte-americano que obrigou 14 grandes instituiçoes financeiras, ligadas direta ou indiretamente ao fundo, que assumissem a responsabilidade. "Se nao fosse possível convencer essas 14 instituiçoes ao forçá-las a fazer a operaçao que fizeram, eu nao tenho dúvida que o governo norte-americano, a exemplo do que fez com o salvamento das associaçoes de poupança e empréstimo, que consumiu de US$ 200 bilhoes a US$ 300 bilhoes do contribuinte norte-americano, teria por consideraçoes de ordem de crise sistêmica, utilizado recursos públicos sim , na soluçao do problema", afirmou o ministro.




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