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Giulia Gam comemora retorno vitorioso à TV
André Bernardo
Da TV Press
26/12/2003 | 18:44
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Giulia Gam tomou um susto ao chegar na pequena Arcoverde, em pleno sertão pernambucano, para rodar o filmar Árido Movie, do cineasta Lírio Ferreira. A atriz nunca imaginou que os moradores daquele povoado, sem água e luz elétrica, fossem repercutir o sucesso da problemática Heloísa, de Mulheres Apaixonadas. "Nunca dei tanto autógrafo na vida", brinca ela. Eleita Melhor Atriz na votação Melhores & Piores de TV Press, Giulia ficou ao mesmo tempo orgulhosa e espantada com o alcance da personagem de Manoel Carlos nas mais diferentes classes sociais. Mesmo depois de quase dois meses do fim da novela, ela continua sendo abordada nas ruas da grande São Paulo ou da pequena Arcoverde. "Foi um retorno vitorioso, aos 37 anos. Estou me sentindo madura, feliz, realizada. Estou aprendendo a valorizar ainda mais cada pequena coisa que eu faço", garante a atriz.

Por essas e outras, Giulia não hesita em eleger 2003 como um ano de grandes conquistas, pessoais e profissionais. Logo no mês de janeiro, ela recuperou a guarda definitiva do filho Théo, de cinco anos, disputada na justiça com o ex-marido, o jornalista Pedro Bial. Mais adiante, voltou a fazer o que mais gosta: teatro. Subiu aos palcos para atuar na peça Os Afluentes do Rio Ota, de Monique Gardenberg. Quase no final do ano, tornou a fazer cinema, atividade que não exercia desde Outras Estórias, de 1999, adaptação de Pedro Bial para histórias de Guimarães Rosa. "No começo, achei que poderiam ter esquecido de mim. Sei lá, o Brasil não valoriza muito quem já passou dos 35. Fiquei com medo de não ser mais a bola da vez", afirma a atriz, que morou um ano em Nova York, onde cursou o lendário Actors Studios.

Mas, em pouco tempo, o medo de Giulia se mostrou improcedente. "O público ainda gosta de mim. Felizmente, ele sabe distinguir o joio do trigo", diz. Embora já estivesse sem aparecer na TV desde 1999, quando interpretou a protagonista da minissérie Dona Flor e Seus Dois Maridos, ela não hesitou em aceitar o convite do autor Manoel Carlos. Mesmo porque, pondera, sabia pouco ou quase nada sobre a trajetória da personagem. Na verdade, ela sabia apenas que Heloísa era irmã de Helena e mulher de Sérgio, interpretados por Christiane Torloni e Marcello Antony. "Nem passou pela minha cabeça recusar o papel. Não sabia a que ponto ela poderia chegar. Mesmo assim, fiz com a maior gana e energia", diz.

Logo, Heloísa se mostrou uma personagem atípica na carreira da atriz. Ao contrário das heroínas Aline, de Que Rei Sou Eu?, e Linda Inês, de Fera Ferida, a problemática Heloísa, de Mulheres Apaixonadas, não parecia propensa a angariar a simpatia do público. "Mesmo assim, o público nunca confundiu a Giulia com a Heloísa. Muito pelo contrário. Todos sempre deram o maior valor ao meu trabalho", afirma. Até as crianças, espanta-se a atriz. Apesar das sandices da personagem em cena, elas sempre lançavam um olhar carinhoso na direção daquela "figura meio maluca" que encontravam na rua. "Havia uma certa ambivalência no ar. Ninguém sabia direito o que ela tinha. Quando a doença foi diagnosticada, ela mereceu a compaixão do público", diz.

Das muitas cenas fortes que gravou – como a que Heloísa retalha as roupas do marido ou mesmo a que esfaqueia Sérgio no Nick Bar –, Giulia elege a cena da internação como a mais corajosa. "Não tive pudores. Tive, sim, fé absoluta no autor e coragem de me entregar totalmente à personagem", afirma. Giulia afirma também que gostou do desfecho que Manoel Carlos reservou para a personagem. Ela é a primeira a admitir que um previsível final feliz ao lado do marido não faria mesmo muito sentido. "Penso que foi um alívio para o público perceber que qualquer um de nós pode passar por uma fragilidade qualquer e se recuperar. A redenção está ao alcance de todos", diz.




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