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Postos de combustível brigam contra taxas de cartão de crédito
Daniel Trielli
Do Diário do Grande ABC
01/07/2006 | 10:33
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O cartão de crédito pode ser uma ótima opção para os consumidores encherem o tanque do carro. No entanto, do outro lado do balcão os estabelecimentos têm de arcar com taxas e dores de cabeça relativas às transações eletrônicas. Para donos de postos de combustível, por exemplo, trata-se de um mal necessário, já que o mercado exige o dinheiro de plástico.

O assessor do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABC), Roberto Rodrigues, resume: "O cartão de crédito é o sócio majoritário da maioria dos postos de combustíveis. Ele (o cartão) engole grande parte dos lucros do revendedor", diz.

O problema começa com a taxa que o estabelecimento tem de pagar a cada transação eletrônica, que varia entre 2,5% e 3%. "Mas isso é sobre a venda total, contando com o preço que o posto paga pelo combustível. Como a margem de lucro é pequena, só as taxas engolem 30% do ganho do empresário", explica o assessor. Rodrigues calcula que é preciso ter uma margem de R$ 0,35 por litro acima do valor de compra nas distribuidoras para arcar com gastos em taxas financeiras.

Espera - Também é de se levar em consideração a demora de 30 dias para o pagamento da compra por cartão de crédito. "O empresário pode pedir antecipação do valor, mas tem uma taxa de 2,5% a 5% a mais sobre o valor total da compra. Eles cobram para dar um dinheiro que é nosso", reclama Rodrigues.

No cartão de débito, a situação é mais leve - taxa de 0,6% e 0,8% do total da compra e o valor cai dois dias depois da transação. "Mas da conta corrente do consumidor, sai na hora", ressalta Rodrigues.

E os custos não param por aí. Também há o aluguel das máquinas, que varia entre R$ 29 e R$ 150. Mas segundo o dono do posto Monte Alegre, em São Caetano, José Luiz Cedertich, esse aborrecimento é o menor. "Não temos problema em ter dez máquinas de cartão. O problema não é o aluguel. São as taxas que acabam com a gente", conta. "Trabalho há 40 anos no ramo. Nunca vi colocarem tanto a mão no nosso dinheiro como hoje", conta.

No posto Capricho, em Santo André, entre 40% e 48% das transações são feitas por dinheiro de plástico. A gerente Agustina Castillo também indica as taxas como o principal inimigo dos postos, além do prazo de 30 dias para faturamento de cada compra. "É preciso ter um bom capital de giro para poder arcar com o cartão de crédito. Ao apontar para a máquina de cartão de crédito, Agustina diz: "Isso acaba com a gente."

Um dos sócios da Estação de Serviços das Acácias, em São Bernardo, Eugenio Bianchi, reconhece que o plástico é necessário. "Hoje ninguém mais sai com dinheiro", diz. Mas também reclama: "A operadora de cartão de crédito muitas vezes ganha mais do que o dono do posto. Quando o serviço fica com valor baixo e é pago com cartão, a gente fica no vermelho, mas a financeira sempre ganha", diz.



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