Muita gente já faz mais do que sonhar. Ao lado de outros adolescentes, Carlos Vinicius de Almeida criou o Better World, grupo empenhado em identificar os problemas do bairro Cidade São Jorge e buscar alternativas para solucioná-los. "Uma das grandes coisas a fazer é se interessar por política e economia para saber o que realmente está errado e, então, transformar", diz. Agora, o objetivo de Carlos é colocar a biblioteca comunitária que criou para funcionar em uma casa simples cedida pela Associação de Moradores do Bairro. Os livros estão lá, mas faltam prateleiras para acomodá-los.

Integrante do Better World, Mitchel Moura, 19, quer desenvolver projeto para inclusão de jovens na política andreense, mas nada ligado a partidos. "Se vota em qualquer um desde novo, você vai fazer isso a vida inteira. E se todos são corruptos na política, por que não mudar?" A galera engajada tem em comum disposição para arriscar, ir atrás do que deseja e lutar por um ideal que traga benefícios para muitos. E cada um acha o próprio modo de fazer isso.

Isadora Gardini Patricio, 17, encontrou no Leo (formado por jovens no Lions Clube) seu modo de fazer a diferença. Ela não dá a mínima para os fins de semana que passa trabalhando em eventos, com a finalidade de arrecadar grana para entidades carentes. "Para ajudar os outros, você pode juntar os amigos, pegar algumas doações e levar a um lugar que precisa. Não é necessário estar em um grupo, como o Leo."

No entanto, essa turma gostaria que mais gente da mesma idade pensasse parecido. "Muitos têm preconceito; pensam que ajudar é brega", afirma Thamires Barbara de Sousa, 15, de Santo André.

Grande parte dos jovens não sabe o que é o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), segundo Anderson de Brito Santos, 17, de São Bernardo. Filho do vice-presidente da Sociedade Amigos do Jardim Thelma, ele aprendeu ainda pequeno a importância de batalhar pela comunidade.