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Piá escancara a cena ritmo e poesia do Rio Grande
Leonardo Blaz
Da Redaçao
01/07/2000 | 16:02
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O Rio Grande do Sul nao é habitado apenas por descendentes europeus, nem integrado totalmente por cidades que apresentam índices de desenvolvimento humano comparáveis a locais do chamado Primeiro Mundo. Prova disso é Um Pouco de Todos Nós (Trama), terceiro álbum do rapper gaúcho Piá.

"Sei que até posso parecer meio exótico para as pessoas do eixo Rio-Sao Paulo, mas a cena do hip hop se desenvolveu bastante por aqui", conta o músico. Seu contato com a cultura começou em 1988. Desde entao, Piá já gravou dois álbuns independentes, A Grande Caminhada (1993) e Coisa Du Demo (1996), e apresenta um programa de rádio em que o gênero predomina. "Chegam até nós todas as informaçoes que os rappers de Sao Paulo possuem, só nao temos apoio ou gravadoras especializadas", diz.

Uma das grandes diferenças do álbum é a utilizaçao de instrumentos que, para os radicais, podem ser considerados inconciliáveis ao hip hop, como guitarras, com timbres semelhantes ao do heavy metal, e violinos, além do emprego de bases que nao apresentam apenas uma batida funk, como é o mais comum. A proposta originou uma sonoridade inovadora e rica.

Se a crítica às religioes era o mote principal de seu disco anterior, a revoluçao é o tema que mais se destaca no trabalho atual. "Eu tento contribuir para que ela aconteça", conta. Revoluçao para o rapper, no entanto, nao ganha a conotaçao de guerra ou golpe de Estado, mas sim de inconformismo.

"Nao podemos ficar quietos enquanto o Ronaldinho diz que raspa a cabeça porque cabelo de negro é ruim", acredita. Entre as cançoes que tratam deste tema estao O Guerreiro do Tempo e O Guerreiro Solitário, que mostra a faceta rapper de Nasi, vocalista do Ira!.

O músico também passeia por outros temas presentes em todo o país, até mesmo no Sul Maravilha, como as poucas perspectivas de um jovem de periferia (Segura a Onda Bandido) ou o biográfico assassinato de um amigo (Meu Parceiro). "Percebi que quanto mais sincero sou, mais toco as pessoas", revela.




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