Política Titulo Eleições 2018
Revés de Lula impõe debate sobre projetos do PT na região

Para petistas, condenação não prejudicará candidaturas à Assembleia e ao Congresso

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
28/01/2018 | 07:00
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Ricardo Stuckert/Divulgação


A manutenção da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na quarta-feira, em segunda instância, colocou não só o PT no Grande ABC como todo o partido em alerta sobre o futuro da legenda eleitoralmente, dois anos depois de perder espaço significativo nas eleições municipais.

Oficialmente, petistas da região pregam que a condenação de Lula a 12 anos e um mês de prisão não muda o tabuleiro eleitoral para os projetos rumo à Assembleia Legislativa e à Câmara dos Deputados. Internamente, inclusive, avaliam que a forte rejeição do presidente Michel Temer (MDB), somada à possível vitimização de Lula – sob o risco de ser preso, tem sido comparado ao presidente sul-africano Nelson Mandela –, podem fortalecer as candidaturas na região, independentemente de o petista conseguir ser candidato. Em tese, Lula será barrado pela Lei da Ficha Limpa.

Mesmo sem Lula no páreo, acreditam alguns petistas, a radicalização envolvendo o nome do ex-presidente favoreceria a busca por unidade no partido rumo ao pleito. Neste contexto, várias disputas internas por candidaturas, como em São Bernardo, Diadema e em Mauá, poderiam ser dissipadas, incluindo a briga por concorrência ao Palácio dos Bandeirantes entre os ex-prefeitos Luiz Marinho (São Bernardo) e Elói Pietá (Guarulhos), que terão de passar por prévias.

A cientista política Jacqueline Quaresemin, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, avalia que a sobrevivência do PT dependerá das escolhas que o partido fará rumo às eleições deste ano. “Tudo vai depender dos objetivos do PT no atual contexto histórico. Se a eleição é entendida como momento de conscientizar para sua proposta e crescer ideologicamente, disputando de fato a ‘opinião pública’, Lula deve se manter candidato, esgotar todas as possibilidades de viabilizar a candidatura (jurídica, política e financeiramente) e disputar nas urnas, como ocorre em qualquer país minimamente democrático. Em perdendo a eleição, poderá ter resgatado o partido ‘de massa’ que pretendia na origem, mostrado resistência a um projeto que o demonizou e ainda busca destruí-lo enquanto líder político”, analisa. “Entretanto, se a estratégia do PT for ocupar o máximo de cargos no legislativo e executivo, certamente buscará outro nome em alternativa ao de Lula”, diz.

Por ora, as lideranças do PT sustentam que não há plano B no projeto de voltar a comandar o Palácio do Planalto, embora o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad seja visto como alternativa. “Não trabalhamos com o cenário de Lula não ser candidato. Não reconhecemos ele como culpado e nossa convicção é a de que ele foi condenado injustamente”, explicitou o ex-prefeito Carlos Grana, líder do PT na região.

“Não é possível dizer como ficará o PT, tudo depende da estratégia do partido. Lula é maior que o PT. A questão é quanto desse capital político o partido consegue reverter em votos”, pontua Jacqueline, que é especialista em opinião pública.

Na quinta-feira, um dia depois de ter a sentença confirmada pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), Lula teve a pré-candidatura chancelada e pediu: “Espero que essa candidatura não dependa do Lula. Essa candidatura só tem sentido se vocês forem capazes de fazê-la mesmo que aconteça o indesejável. É colocar o brasileiro em movimento.” 




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