O Fórum Popular de Saúde Mental do ABCDMRR promoveu ontem, no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, em Santo André, evento para a entrega de uma carta em defesa da reforma psiquiátrica na região aos representantes das sete prefeituras, como a secretária de Saúde de Santo André, Ana Paula Peña Dias, e de São Caetano, Regina Maura Zetone. O ato também celebrou os 30 anos da luta antimanicomial, completados no mês passado.

A carta encaminhada reuniu 1.425 assinaturas, entre usuários do sistema, familiares, entidades sociais e trabalhadores da área. Um dos pedidos é que haja iniciativas de inclusão social dos pacientes do setor. “É preciso que haja investimento em oficinas para geração de renda. Em Santo André e em São Bernardo já existem o Nupe (Núcleo de Projetos Especiais da Rede de Atenção Psicossocial) e o Nutrarte (Núcleo de Trabalho e Arte), que fazem essa ação. Nos outros municípios não têm, e a importância disso é a reinserção social por meio do trabalho, que gera também a autonomia da pessoa, trazendo melhora para a saúde dela”, salienta a militante do Fórum Popular de Saúde Mental do ABCDMRR Elizabete Henna.

O fortalecimento do eixo álcool e outras drogas da Rede de Atenção Psicossocial e sua expansão para garantir o tratamento dos usuários também foi pontuado na carta. “É necessário investir mais em Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas) e em projetos que ofereçam tratamento de fato. Todo mundo quer internar os dependentes químicos em hospital ou comunidades terapêuticas, mas, isolando a pessoa. A gente acredita que quando ela sair, voltará a usar droga”, salienta Elizabete, em referência à polêmica envolvendo a prefeitura da Capital, que propõe internação compulsória a usuários de crack. “Tem de transformar a vida dela e isso somente se faz com outras possibilidades, promovendo trabalho e lazer. A gente acredita em tratamento com liberdade que respeite o direito da pessoa”, completa.

Atualmente, Santo André atende mensalmente 680 usuários no Caps AD. Em São Bernardo são 490 pessoas. A Prefeitura de Mauá informou que o atendimento envolve 1.564 usuários e ressalta que a procura pelo serviço registrou aumento de 10% em comparação ao ano passado. Ribeirão Pires atende 80 pessoas no Caps AD. As demais cidades não informaram.