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Cresce número de casos de seqüestro relâmpago no ABC
Por Elaine Granconato e
James Capelli
Do Diário do Grande ABC
26/05/2001 | 15:23
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  O número de seqüestros relâmpagos no mínimo triplicou no Grande ABC nos últimos meses. A estatística não é oficial, pois a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo não possui dados sobre o índice desse tipo de crime, e foi obtida a partir de um levantamento feito pelo Diário do número de reportagens que trataram de seqüestros relâmpagos nos meses de janeiro a maio dos últimos três anos. Em 1999, foram publicadas 17 reportagens sobre o tema. No mesmo período de 2000, o número é praticamente o mesmo, 18. Na comparação com os primeiros meses de 2001, o salto foi gritante: aumentou para 71. O resultado, obviamente, não segue parâmetros científicos, mas, na inexistência de qualquer índice oficial, pode ser considerado um reflexo de como esse tipo de crime cresceu na região.

A reportagem do Diário pediu autorização para fazer o levantamento oficial por meio dos boletins de ocorrência das delegacias da região. Os delegados das seccionais de São Bernardo e Santo André, responsáveis por seis das sete cidades da região, não autorizaram a pesquisa.

O coronel José Roberto Crisóstomo, comandante do policiamento no Grande ABC, disse que nunca houve uma operação específica de repressão ao seqüestro relâmpago no Grande ABC. “Não há dados científicos que indiquem aumento no número desse tipo de roubo e que nos permitam mapear os pontos mais perigosos. É difícil comentar a incidência desse crime sem números precisos”, disse.

Ele afirmou que não há um termo específico que tipifique o seqüestro relâmpago. “É uma modalidade de roubo. E muitas vezes, quando o carro da vítima não é levado, ela sequer vai à delegacia fazer Boletim de Ocorrência. Isso dificulta ainda mais a intenção de estabelecer índices seguros na incidência desse tipo de crime”, afirmou.

O coronel contestou os números apontados pelo Diário. “Eu tenho constantes reuniões com a comunidade e não há muitas reclamações quanto ao seqüestro relâmpago”. Para ele, as operações de bloqueio de trânsito montadas para coibir roubo de motos e carros têm sido úteis para pegar também assaltantes e seqüestradores.

De acordo com o delegado da Seccional de São Bernardo, Mário Jordão Toledo Leme, que abrange também São Caetano, alguns marginais estão migrando para os chamados seqüestros relâmpagos. “Provavelmente, por considerarem um crime mais fácil de praticar e de menor risco do que invadir um banco ou uma empresa”, afirmou.

Entretanto, Leme, assim como Crisóstomo, não reconhece que esse tipo de crime tenha triplicado na região no período mencionado. “Sem dúvida, em São Bernardo e em São Caetano ocorrem casos do tipo, mas dentro da normalidade”, acrescentou, sem precisar números. “Nos últimos 60 dias, prendemos vários praticantes de seqüestros relâmpagos”.

O titular da Seccional de São Bernardo e São Caetano acredita, inclusive, que o número deva cair. O otimismo de Leme é atribuído aos bloqueios diários em locais e horários alternados, que os comandos das polícias Militar e Civil da região vêm realizando. “A medida acaba funcionando como um fator de inibição à ação dos marginais”, afirmou.

Dejar Gomes Neto, delegado da Seccional de Santo André, que responde ainda por Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, afirmou apenas que o número é reflexo do aumento da criminalidade.

A reportagem do Diário não conseguiu falar com o delegado Wagner Giudice, titular da Delegacia Anti-Seqüestro de São Paulo, indicado pela assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública para comentar o assunto.




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