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Fluence recheado de armas
Marcelo Monegato
Do Diário do Grande ABC
08/12/2010 | 07:11
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Esquecer o passado mal-sucedido, olhar para o futuro e recomeçar do zero. Essa é a estratégia da Renault no segmento dos sedãs médios com o lançamento do Fluence (pronuncia-se Fluânce), que começa a ser vendido neste mês a partir de R$ 59.990, mas que chega às concessionárias somente em fevereiro de 2011.

Sábia e prudente, a Renault não deseja provocar os ‘tigres orientais' Toyota Corolla e Honda Civic - soberanos com 48,86% do segmento -, mas quer desbancar o veterano Chevrolet Vectra da terceira posição, comercializando 20 mil unidades/ano - algo em torno de 1.600 unidades/mês.

E para alcançar tais números ambiciosos, o Fluence desembarca vindo da Argentina (onde é produzido) em duas versões de acabamento (Dynamique e Privilège), duas opções de transmissão (manual de seis velocidades ou automática CVT) e apenas uma de motor, a 2.0 16V Flex de até 143 cv de potência e 20,3 mkgf de torque (etanol) herdado do Nissan Sentra - a Renault tem aliança com a marca japonesa.

RECHEADO - A principal qualidade do Fluence está no custo-benefício. A configuração de entrada Dynamique já vem de fábrica com seis ar bags, ar-condicionado de duas zonas, direção elétrica, computador de bordo, freios com ABS, sensores crepuscular e de chuva, rádio CD player com MP3 e conexão USB/iPod, além de rodas de liga leve de 16 polegadas.

A topo de linha Privilège (R$ 75.990) entrega a mais, transmissão automática, bancos revestidos de couro, rodas de liga leve de 17 polegadas, controles de estabilidade (ESP) e tração (ASR), controlador e limitador de velocidade, sensor de estacionamento e sistema de navegação. Teto solar é opcional (R$ 2.500).

Algo interessante é a chave-cartão. Ao contrário do Mégane, esta é presencial. Para ligar o carro é preciso apenas estar com ela dentro do veículo. Outro sistema diferenciado é que, ao sair do carro, as portas se travam automaticamente a partir de certa distância. Para destravar, basta chegar com a mão perto da maçaneta.

INTERIOR - O franco-argentino também agrada em termos de espaço. Tem 2,70 metros de distância entre os eixos (assim como o Civic) e o porta-malas tem 530 litros de capacidade (igual ao do Ford Fusion). A plataforma é do Mégane 3.

O acabamento, porém, peca. Mesmo na versão Privilège as peças não têm encaixe primoroso, apesar de os materiais revelarem certa qualidade - como o plástico emborrachado sobre o console.

A ergonomia agrada. O volante tem ajustes de altura e profundidade, assim como os bancos. Todos os comandos estão à mão. É fácil de se acomodar no Fluence. Ponto negativo para o painel de instrumentos, inclinado para cima, o que dificulta a leitura das informações.

RODANDO - Para rodar, avaliamos a opção topo de linha. Por ter o mesmo motor de alumínio com comando de válvula variado e mesma transmissão CVT (continuamente variável - sensação de eterna primeira marcha) do Sentra, a primeira impressão ao acelerar o Fluence é de estar em um...Sentra!

Na estrada, rumo a Jundiaí (SP), o Fluence não faz feio, mas também não empolga. Falta tempero mesmo quando trocamos as marchas manualmente. O silêncio na cabine, no entanto, agrada. A 120 km/h o conta-giros marca 2.500 rpm e escuta-se apenas o vento. A suspensão é firme, sem ser desconfortável.

VEREDICTO - O Fluence é um bom carro. Tem como pontos fortes o preço e os equipamentos de série, além do bom conjunto mecânico. Peca no design insosso. Mas, definitivamente, chega com predicados para irritar o Vectra e enterrar de vez o bom e injustiçado Mégane.

MÉGANE - Com a chegada do Fluence, o Mégane sai de cena. Nas concessionárias é possível achar o futuro ‘aposentado' com descontos de até R$ 9.000.




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