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Coronel Ubiratan é condenado a mais de 600 anos de prisão
Por Do Diário OnLine
30/06/2001 | 01:53
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O coronel reformado da Polícia Militar Ubiratan Guimarães foi condenado a mais de 600 anos de prisão por ter comandado a ação da PM que resultou em 111 presos mortos na Casa de Detenção do Estado em 2 de outubro de 1992, no episódio que ficou conhecido como o 'massacre do Carandiru'. A pena prevê seis anos de cadeia para cada um dos 102 homicídios com arma de fogo ocorridos na ocasião, o que totalizaria 612 anos de detenção, e mais 20 anos por cinco tentativas de homicídio, fechando a pena em 632 anos. Mas a Lei brasileira permite que um condenado cumpra, no máximo, 30 anos da pena.

A juíza Maria Cristina Cotrofe determinou que o coronel poderá recorrer da sentença em liberdade por ser réu primário, por ter endereço fixo e acompanhado todas as etapas do processo. O advogado de defesa do PM reformado, Vicente Cascione, afirmou que certamente tentará reverter a decisão.

A sentença, decidida pelos sete jurados (cinco homens e duas mulheres) por volta das 23h30 e lida pela juíza por volta das 00h25, causou revolta entre familiares de Guimarães e PMs que assistiam ao julgamento. O policiamento teve de ser reforçado no Fórum Ministro Mário Guimarães, na Barra Funda, zona Oeste da capital paulista.

Muitos parentes e amigos do coronel choraram. O filho de Guimarães chutou um bebedouro no corredor do Fórum, causando um estrondo semelhante ao de uma explosão. O condenado limitou-se a abraçar o advogado após a leitura da sentença e saiu do tribunal sem conversar com a imprensa.

Maratona - O julgamento de Ubiratan foi o mais longo da Justiça paulista e o mais notório dos últimos anos: foram dez dias de sessões, milhares de páginas lidas pela defesa e acusação e 15 depoimentos. Os sete jurados passaram todo o julgamento isolados, sem comunicação com amigos e familiares.

Depois de finalizada a fase final dos debates, os sete jurados tiveram de responder a um extenso questionário de 1.624 itens – 14 questões para cada uma das 116 acusações (111 assassinatos e cinco tentativas de homicídio). A pergunta mais importante era a número 3, que referia-se à participação e responsabilidade do coronel nas execuções.

Os promotores decidiram nesta sexta-feira, último dia do julgamento, retirar da acusação a responsabilidade do coronel por nove homicídios que ocorreram com armas brancas. Mesmo assim, os jurados tiveram de responder às questões referentes a todas as 111 mortes (mais as cinco tentativas).

Cascione afirma que as respostas do jurados às questões formuladas foram confusas e passíveis de questionamento. Ao final dos dez dias de julgamento, o cansaço dos jurados era visível.

A decisão pela condenação de Ubiratan aos 632 anos de pena foi apertada: foram quatro votos a três.

Os jurados também aceitaram o pedido da promotoria para processar o ex-secretário-adjunto da Administração Penitenciária Antonio Filardi Luiz por falso testemunho durante o julgamento.




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