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Apenas duas mulheres se apresentam como candidatas às prefeituras do Grande ABC na eleição do ano que vem, o que só aumenta a hegemonia dos homens nos comandos das sete cidades

Júnior Carvalho
Caio dos Reis
13/10/2015 | 07:00
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Embora as mulheres representem a maioria do eleitorado brasileiro, apenas duas se colocam como possíveis candidatas às Prefeituras do Grande ABC em 2016. Se o atual cenário pré-eleitoral se concretizar, somente Lucia Dal’Mas (PRTB), atual vice-prefeita de São Caetano, e a deputada estadual Vanessa Damo (PMDB), de Mauá, estarão nas urnas como postulantes ao Paço. Assim, tende a aumentar a hegemonia masculina no poder nas sete cidades.

O cenário é inferior ao da eleição municipal passada, quando cinco mulheres disputaram o cargo político mais importante das cidades. Em 2012, concorreram às prefeituras da região Regina Maura Zetone (ex-PTB, hoje PSDB) em São Caetano; Lígia Gomes (PSTU), que disputou em São Bernardo; Maridite Cristóvão de Oliveira (PSDB) tentou em Diadema; em Mauá a candidata foi Vanessa Damo e, em Ribeirão Pires, a ex-prefeita Maria Inês Soares (PT) tentou retornar ao comando do Paço. No pleito de 2008, porém, todas as sete chapas majoritárias no Grande ABC foram encabeçadas pelos homens.

Se analisado o retrospecto de mulheres que já foram prefeitas da região, o histórico também não dos mais generosos ao sexo feminino. Apenas três ocuparam a cadeira de chefes de Executivo: Tereza Delta, que foi prefeita de São Bernardo entre abril e dezembro de 1947; Irinéia José Midolli, que governou Rio Grande da Serra de 1973 a 1977 pela extinta Arena; e Maria Inês, prefeita de Ribeirão por duas gestões (1997 a 2000 e 2001 a 2004).

“O cenário político ainda é muito masculino. Isso é até uma reflexão para revermos conceitos e incentivarmos a participação das mulheres nesse meio. A mulher é engajada, mas falta espaço e, em alguns casos, tempo. As mulheres têm uma sensibilidade e reivindicam muito seus direitos e isso não vem se refletindo nas candidaturas, infelizmente”, opinou Vanessa.

Para a cientista política Jacqueline Quaresemin, da Fespsp (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), a política ainda é um “ambiente masculinizado” e, embora a desigualdade de gêneros nas urnas tenha diminuído, as obrigações impostas historicamente às mulheres dificultam que elas protagonizem o cenário eleitoral. “Existe ideia social que determina um lugar para mulher, que é em casa, cuidando do lar, da educação dos filhos. Como ela foi colocada em condição de cuidar da casa e dos filhos, a mulher acaba tendo dificuldades para lidar com essas funções e, ao mesmo tempo, estar na política”, analisa.

A tese da especialista é compartilhada por Lucia Dal’Mas. “Percebo que ainda as mulheres sofrem preconceito, a sociedade ainda caminha em passos lentos, mas a cultura de que somente os homens participam da vida pública pouco a pouco vai sendo modificada. A mulher tem de se mostrar determinada, não se deixar levar pelas imposições masculinas, principalmente quando ferem os princípios da pessoa.”

Jacqueline destaca ainda que o machismo dificulta ainda mais o debate sobre o espaço da mulher na política. “Exemplo disso são as críticas direcionadas à (presidente das República) Dilma (Rousseff, PT). O debate raramente é pautado em questões políticas, mas em ataques sexistas e isso é extremamente grave, pois parte de mulheres também”.

Candidata a prefeita em São Caetano no último pleito municipal, Regina Maura diz não vislumbrar mais candidatura a prefeita, mas admite poder rever a escolha para tentar reverter a participação feminina na Câmara. “Em São Caetano, apenas uma mulher foi eleita vereadora em 2012 (Magali Selva Pinto, pelo PSD) e acho extremamente importante contribuir para aumentar a nossa participação”, frisa.

Há cidades onde nenhuma mulher está representada em cargo eletivo, como São Bernardo – só há homens entre os 28 vereadores. Em toda região, são só dez entre 142 parlamentares: Ângela de Souza Nunes (PSDB-Rio Grande da Serra), Berê do Posto (PMN-Ribeirão Pires), Diva do Posto (PR-Ribeirão Pires), Elian Santana (Pros-Santo André), Cida Ferreira (PMDB-Diadema), Lílian Cabrera (PT-Diadema), Bete Siraque (PT-Santo André), Magali Selva Pinto (PSD-São Caetano), Cléo Meira (PTN-Ribeirão Pires) e Sandra Regina Vieira (PMDB-Mauá).




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