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A coleção de absurdos
de 'Passione' (TV Globo)
Por Kelly Zucatelli
Do Diário do Grande ABC
12/01/2011 | 07:00
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Se restam dúvidas de que brasileiro gosta de novela, a comoção causada pelos últimos capítulos de 'Passione', que termina na sexta-feira, mostra a resposta. O autor Silvio de Abreu ainda consegue deixar os telespectadores loucos na tentativa de desvendar o enigma de quem matou Saulo (Werner Schünemann).

Será que o autor dará uma volta e terminará no óbvio, colocando Clara (Mariana Ximenes) ou Fred (Reynaldo Gianecchini) como os autores da morte do filho de Bete Gouveia (Fernanda Montenegro)? Tomara que não, pois o escritor já deu belas escorregadas na condução da trama.

'Passione' coleciona cenas inverossímeis. Se a ficção imita a vida real, que tal então tentar ser convincente?Como pode o policial Diogo (Daniel Boaventura) manter relações sexuais com a vilã Clara enquanto a investigava sigilosamente? Muito fantasioso. Tanto quanto o fato de todos os bandidos da trama serem enviados para a penitenciária sem nem passar pela delegacia. Velocidade exemplar.

A cena da suposta morte de Totó (Tony Ramos) também foi muito forçada. Tudo bem que era um plano para colocar a vilã de vez na cadeia, mas esse foi outro momento que não convenceu, principalmente quando o italiano lutou contra o ladrão. Clara ficou parecendo mais ingênua do que é.

A iniciativa de colocar assuntos de relevância social como a exploração sexual, pedofilia e dependência química também foi bastante frustrante.
 
Em boa parte dos capítulos, Gerson (Marcello Antony) deixava claro que era pedófilo, mas depois de uma sessão com o psiquiatra, o telespectador descobriu que ele sofreu abuso sexual na infância e tornou-se um aficionado por ‘sexo sujo', seja lá o que isso signifique.
 
Ainda nesse assunto, Abreu não se aprofundou no drama da exploração sexual, vivido por Kelly (Carol Macedo). Tudo que o público podia ver eram insinuações de que a garota era abusada pelos clientes da pensão da avó megera (Daisy Lúcidi).

Ao ser desmascarado, Fred exibiu caras e bocas de raiva por saber que seu plano para ficar com a empresa e todo o dinheiro da família tinha ido por água abaixo. Infelizmente, a interpretação de Reynaldo Gianecchini deixou a desejar. Principalmente se colocado à prova na cena com a veterana Fernanda Montenegro.

Sem contar as expressões do galã, após armar a morte de Mirna (Kate Lyra) que foram as piores, além da montagem da cena.
 
E Diana (Carolina Dieckmann) que foi água com açúcar todo o tempo, causou raiva naqueles que esperavam a descoberta do óbvio: de que Melina (Mayana Moura), havia sabotado seu computador. Mais um abuso do autor: de estilista, a moça rapidamente se transformou em hacker. Só damos um desconto para a atriz porque nos suspiros finais na trama ela mandou muito bem. Entre gafes e raras boas sacadas, a esperança de salvação é um desfecho menos manjado na revelação do assassino de Saulo.

 




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