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O Brasil apagado, e o aceso

O apagão não fez a menor diferença para quem trabalha na fronteira agrícola do Brasil. Como conta um leitor desta coluna

Carlos Brickmann
18/11/2009 | 00:00
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O apagão não fez a menor diferença para quem trabalha na fronteira agrícola do Brasil. Como conta um leitor desta coluna, que tem fazenda em Rondônia, a água continua enchendo as caixas, porque não conseguiram revogar a Lei da Gravidade. Os geradores são movidos a diesel, a TV chega impecável pela parabólica. O telefone rural, com placa solar, funcionou normalmente. As geladeiras a gás mantiveram a água gelada e conservaram direito os alimentos. Deu para viver bem com o Brasil apagado - onde não há infraestrutura, isso não é problema.
Já o Brasil aceso é problema. O plano de manejo sustentado da floresta, todo legal, demorou para ser aprovado: parte da fazenda fica a menos de 10 km de território indígena. Foi preciso esperar que o antropólogo da Funai visitasse a propriedade para ver que os índios não costumam perambular por lá - até porque a aldeia está do outro lado de um rio de 100 metros de largura. Mas estão pedindo um relatório ambiental sobre o impacto que o manejo, mesmo de longe, possa causar na área indígena - um sapo fugir para lá, talvez. Até então, homens e máquinas ficam parados. Custo? Isso não é problema: o produtor rural que se vire.
E, como ensina o líder do MST, João Pedro Stedile, o agronegócio é absurdo. Bom mesmo é cada família produzindo o que consome. O professor Fábio Comparato diz que qualquer propriedade que exceda a área necessária ao sustento de uma família deve ser considerada desapropriável, para fins de reforma agrária. E as cidades? A exportação? Pois parem as exportações. E importem comida, uai!

SÃO ELES, SIM
Não é informação, é avaliação. Os dois manobram, um machuca um pouco o outro, mas Serra e Aécio Neves ficarão juntos. Os dois são ambiciosos, querem a cabeça de chapa, mas nenhum é suicida. O pior para ambos seria perder para o PT. A derrota valeria entre quatro e 12 anos longe do poder. Pois quem perde até para Dilma não terá condições de enfrentar Lula em 2014 e 2018.

A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM
Lembra do pessoal que, por causa do Mensalão, perdeu lugar, oficialmente, no comando do PT (embora tenha continuado a mandar como de costume)? Pois eles estão de volta: na chapa de José Eduardo Dutra, favorito nas eleições deste domingo, há lugar para José Genoino, José Mentor, José Nobre Guimarães (o do assessor que transportava dólares na cueca), João Paulo Cunha, Ângela Guadagnin (aquela, da Dança da Pizza), José Dirceu. Delúbio Soares, o tesoureiro, não está na chapa, pois foi afastado do partido. Mas sua esposa, Mônica Valente, está lá. O comando petista comandará a campanha de Dilma em 2010.

É TUDO VERDADE
O Brasil subiu cinco posições no ranking de percepção de corrupção organizado pela Transparência Internacional. Não, não é o que pode parecer aos caros leitores mais pessimistas: subir no ranking significa que a corrupção diminuiu. Não há exatamente medida da corrupção, mas entrevistas com empresários e estudiosos que contam como sentem a existência da corrupção. Na mesma posição do Brasil estão Colômbia, Suriname e Peru. Pouco abaixo, a quatro posições, China, Trinidad-Tobago, Suazilândia e Burkina-Fasso.


BOA NOTÍCIA
Em São Carlos (SP), onde cursos superiores têm excelente reputação, a pesquisa em energia continua ganhando fôlego. Dois centros de excelência da cidade, a USP e a Universidade Federal, receberão em três anos R$ 100 milhões da Petrobras para pesquisa de processos e equipamentos de extração de petróleo e produção de derivados. O prefeito Oswaldo Barba (PT) obteve mais recursos na área: R$ 90 milhões para montar a Cidade da Energia, centro de exposições de produtos e serviços da área energética.

O DIA DE BATTISTI
Como diria Caetano Velloso, hoje é o dia - ou não é. O presidente do Supremo, Gilmar Mendes, deve dar o voto de desempate no julgamento da extradição de Césare Battisti. Se Gilmar votar contra, a questão estará encerrada e Battisti será libertado. Se Gilmar votar a favor, haverá a possibilidade de duelo de competências: a decisão do Supremo revoga o asilo político concedido a Battisti pelo presidente Lula? Lula já falou: se o Supremo determinar, Battisti será extraditado. Mas, se apenas autorizá-la, Battisti fica.




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