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Casa para crianças com câncer é aberta mas depende de apoio
Por Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
10/11/2004 | 09:20
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A inauguração da primeira fase da Casa de Apoio à Criança com Câncer de Santo André aconteceu nesta terça-feira à noite, no campus da FMABC (Faculdade de Medicina da Fundação do ABC). O obra do prédio já está pronta, no entanto, ainda não há previsão para que os 24 leitos sejam ocupados por crianças carentes que sofrem da doença. Isso porque ainda falta verba para que a casa seja mobiliada e equipada adequadamente.

O prédio, de 20 mil m², foi orçado em R$ 1,8 milhão e já está totalmente construído. "Queremos mostrar com essa inauguração antecipada que o mais difícil já foi feito. Falta muito pouco para que a casa comece a funcionar e a ajuda das pessoas é muito importante nessa fase", afirmou Marco Antonio Sabino, presidente da Associação Projeto Crescer do ABC, que idealizou e administrará a casa. Grande parte da renda para as obras veio da última edição da campanha McDia Feliz, organizada um dia por ano, no mês de agosto, pela rede de lanchonetes McDonald's. A arrecadação é sempre revertida para projetos voltados a crianças com câncer. As obras tiveram início em setembro do ano passado, impulsionadas pelos R$ 426 mil arrecadados com a venda de sanduíches Big Mac.

Como o evento deste ano foi adiado - excepcionalmente, será no próximo sábado, dia 13 - o cronograma de construção acabou sendo prejudicado. A conclusão da obra se deu, então, graças a doações de empresários da região, que contribuiram basicamente com os serviços de acabamento. Faltam ainda mobiliário para dez dos 12 quartos (dois já receberam camas e armários embutidos), eletrodomésticos para a cozinha, equipamentos para a brinquedoteca e utensílios domésticos diversos.

A casa tem hoje capacidade para abrigar, além das 24 crianças, os respectivos acompanhantes. No segundo andar - estruturado mas ainda não acabado - há capacidade para alojamento de mais 22 crianças. "Essa parte só será aberta quando houver mais essa demanda", afirmou Sabino.

Abrigo - Como o Instituto de Oncologia da FMABC, que fica no mesmo campus, é o único local de tratamento contra câncer gratuito no Grande ABC, grande parte dos atendidos deverá vir de lá. "É extremamente importante ter uma casa de apoio como essa por perto porque muitas vezes as crianças não têm condições de higiene adequadas ou como se alimentar de maneira correta em casa", afirmou o médico Jairo Cartum, responsável pelo setor de Oncologia Pediátrica da FMABC. "Já teve até um caso de uma criança que veio de outro Estado e ficou abrigada embaixo de um viaduto, sujeita a várias contaminações", completou.

Segundo o médico, das cerca de 100 crianças que passaram por tratamento no Instituto, pelo menos um quarto vêm de outros estados. É o caso da estudante sergipana Rafaela Alves de Jesus, 8 anos, que trata um tumor maligno na cabeça no Instituto desde agosto. A família, que hoje mora na zona sul de São Paulo, tem de se desdobrar para conseguir transportar a garota. "Teria de pegar pelo menos três conduções para trazê-la aqui. Dependo de um amigo, que empresta um carro de outro amigo e nos traz aqui", contou a mãe de Rafaela, a empregada doméstica Sandra Lima Alves, 25.

Além dos custos para estruturar a casa, ainda é necessário garantir parceiros para cuidar da manutenção. De acordo com Marco Antonio Sabino, esse custo mensal deve girar entre R$ 15 mil e R$ 30 mil. "Ainda espero abrir a casa até março do ano que vem", afirmou Sabino. Mais informações sobre o projeto podem ser obtidas pelo telefone 4992-1440 ou pelo site www.projetocrescerdoabc.com.br.




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