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Desafios da licença-maternidade

A licença é um período importante e que pode ser delicado para a carreira das mulheres. No entanto, dizer que a prejudique é algo bastante relativo

Cíntia Bortotto
30/05/2011 | 00:00
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Muitas pessoas me perguntam se a licença-maternidade estendida pode realmente vir a prejudicar a empregabilidade da mulher por ficar mais tempo fora do mercado. Muito se tem comentado a esse respeito, especialmente na internet. Mas nem tudo é o que parece.

A licença-maternidade é um período importante e que pode ser delicado para a carreira das mulheres. No entanto, dizer que a prejudique é algo bastante relativo. Quando a mulher faz um trabalho diferencial ou tem atributos diferenciados na entrega de suas tarefas, é muito difícil de ter seu emprego em risco. Embora de fato sete meses (seis de licença e mais um de férias) seja um tempo longo para ficar longe da organização, de seu contexto e suas mudanças, a mulher pode voltar e se readaptar numa boa.

É importante ressaltar que, com a economia aquecida e o tempo de desenvolvimento de um profissional adaptado à cultura organizacional, uma pessoa que conhece aquele contexto e tem um diferencial de entrega, dificilmente não será bem-vinda. Já quando a mulher faz um trabalho não tão diferenciado, muitas vezes, no momento de se encontrar alguém para fazer seu trabalho durante o período de licença-maternidade é possível que a empresa escolha outra pessoa que faça o trabalho melhor e, então, uma decisão tem de ser tomada no retorno da profissional ao trabalho.

Creio que, quando se fala de ausência no ambiente corporativo, o risco é o mesmo com a licença de quatro ou seis meses. Não são dois meses a mais que irão definir se a mulher tem seu emprego de volta ou não, mas sua competência demonstrada anteriormente. Já para o bebê, quem é mãe sabe, que nesta fase, dois meses fazem uma diferença gritante.

MUDANÇA DE POLÍTICA - Nesse contexto, as empresas estão mais flexíveis em relação às necessidades de gestantes, mulheres e homens que acabaram de ter filhos e têm investido em programas voltados às pessoas que acabaram de ser pais. Elas já estão se dando conta de que, mais do que atrair bons profissionais, é importante desenvolver um vínculo com eles para engajamento e retenção. Assim, programas que mostram preocupação com bem estar, saúde e família, têm ganhado cada vez mais espaço na agenda das empresas.

A gestão que inclui o ser humano, considerando seus outros papéis, tem feito mais sucesso e vínculo e, consequentemente, diminuído custos desnecessários com demissões recrutamento e seleção de pessoal. Já vi amigos que tinham sido escalados para programas de desenvolvimento caríssimos, incluindo módulos no Exterior, totalmente patrocinados pela empresa, que adiaram o treinamento em um ano por conta do nascimento de um filho, para poder dar atenção à criança e à esposa em um momento tão crítico da relação familiar. Depois, ele fez o programa no ano seguinte, totalmente apoiado pela empresa. Isso demonstra mais do que flexibilidade, também a consideração e a consciência de pessoas que fazem a diferença na tomada de decisão, envolvendo relações de longo e não de curto prazo.

EMPRESAS DE TODOS OS TAMANHOS - Nessas situações, esse tipo de postura das empresas pode estar presente tanto em companhias de grande porte quanto em empreendimentos bem menores. Muito mais do que estrutura organizacional, quando falamos de saúde e família, vejo que o que faz a diferença são os valores, tanto os da empresa como os de seu principal dirigente. Presto consultorias para empresas de médio e pequeno portes, que estão à frente de muitas organizações grandes quando o assunto é cuidar dos funcionários. Isso porque eles, de fato, estão comprometidos com as necessidades individuais, sem se esquecer da coletividade.

Quando a empresa é menor, na verdade, encontrar e gerenciar soluções mais individualizadas é mais fácil e muitas vezes mais eficaz em termos de satisfação gerada. O que importa para quem recebe é mais do que a estrutura, é saber que a empresa se importa e não lhe vê apenas como um número, mas como uma pessoa.

Ainda tem muita gente que acha que a solução está na atração e só na atração de bons profissionais bem remunerados. Mas o mundo está mudando, a geração Y tem dado seu recado em termos de valores. As empresas precisam cada vez mais focar no amanhã. Promover valores saudáveis, mostrar que pensam nos funcionários como seres integrados que ocupam vários papéis na sociedade, é mostrar inteligência e longevidade de visão. Programas que fomentam saúde, família, sustentabilidade são mais do que bem vistos, engajam os funcionários e têm um ótimo custo benefício. Siga confiante e boa sorte!




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