Mais um favorito ficou pelo caminho, nesta terça-feira, em Daejeon. A Coréia do Sul venceu a Itália por 2 a 1, de virada, na 'morte súbita', e passou às quartas-de-final da Copa do Mundo. O próximo compromisso dos coreanos no Mundial será contra a Espanha, em Gwangju, no sábado (22), às 3h30. A 'Azzurra', por sua vez, se transformou na quarta seleção campeã do mundo eliminada da Copa, ao lado de França, Argentina e Uruguai.

O placar foi aberto por Christian Vieri, aos 18 do primeiro tempo. A Coréia do Sul empatou na fase final, aos 42, com Seol Ki-Hyeon. O gol coreano na morte súbita também saiu faltando três minutos para o final, marcado por Ahn Jung-Hwan.

A Coréia do Sul, embalada pelo 'mar vermelho' que lotou o estádio de Daejeon, proporcionou à fanática torcida um espetáculo empolgante de futebol. Na base da correria e da superação, os donos da casa mostraram um poder de recuperação incrível. A organizada seleção de Guus Hiddinck desperdiçou um pênalti, saiu perdendo e ainda assim teve disposição para presionar a Itália até os 42 minutos do segundo tempo, quando conseguiu o empate. Na prorrogação, com um homem a mais, a Coréia do Sul teve paciência e martelou até arrancar o 'gol de ouro'. Foi a redenção de Ahn Jung-Hwan, atacante do Perugia (Itália), que cobrou a penalidade máxima nas mãos de Buffon.

A Itália repetiu as atuações sem brilho que marcaram a passagem da 'Azzurra' nesta Copa. Os comandados de Giovanni Trapattoni começaram dominando o jogo, abriram o placar logo depois de escaparem de um pênalti e se deixaram envolver pela pressão sul-coreana. A tão valorizada zaga italiana cometeu uma penalidade máxima e falhou nos dois lances de gol da Coréia do Sul. No primeiro, Christian Panucci dominou mal uma bola dentro da área e presenteou Seoul. No segundo, o experiente Paolo Maldini se deixou vencer no jogo aéreo por Ahn. Resultado: a Itália foi eliminada.

Fortes emoções - A seleção da casa partiu para cima da Itália e conseguiu um pênalti logo aos 5 minutos do primeiro tempo, quando Panucci puxou a camisa de Seoul numa cobrança de escanteio. Ahn Jung-Hwan cobrou mal e Gianlugi Buffon voou no canto direito para defender. O susto acordou a 'Azzurra', que conseguiu virar o jogo a seu favor e passou dominar a posse de bola.

Christian Vieri e Alessandro Del Piero, servidos por Francesco Totti, assustavam o goleiro Lee Woon-Jae com descidas perigosas ao ataque. Aos 18, em lance de bola parada, a Itália abriu o placar. Totti cobrou escanteio no primeiro pau, Vieri ganhou de dois defensores sul-coreanos e cabeceou no ângulo. O que se seguiu ao gol foi o melhor da tática italiana: a 'Azzurra' recuou para segurar o resultado e tomou pressão ininterrupta da Coréia do Sul. Ahn Jung-Hwan teve duas boas chances para empatar nos últimos minutos da etapa inicial, mas não teve sucesso e o placar continuou desfavorável.

O segundo tempo começou como terminou o primeiro. A Itália se manteve atrás e convidou a Coréia do Sul ao seu campo de defesa, jogando na base dos contragolpes. Vieri teve duas chances dessa maneira e pôde ampliar o placar. Aos 34, Totti fez fila na defesa sul-coreana e só não conseguiu bater para o gol porque foi travado pelo quarto zagueiro que foi ao seu encalço.

A Coréia do Sul conseguiu seu empate milagroso faltando apenas dois minutos para o final do tempo regulamentar, depois de tanto martelar. Panucci dominou mal uma jogada aérea dentro da área e deixou a bola para Seoul Ki-Hyeon, que bateu no canto esquerdo baixo de Buffon.

O gol da vitória coreana quase saiu nos descontos. Aos 46, Cha Du Ri pegou de meia-bicicleta uma bola alçada à área em escanteio e colocou nas mãos de Buffon. Mas a decisão estava fadada à prorrogação e ao 'gol de ouro'.

Correndo como se o jogo tivesse começado a poucos minutos, a Coréia do Sul manteve a pressão na morte súbita. Aos 12, Hwang Sun Hong cobrou falta com esperteza, por baixo da barreira italiana, e exigiu uma defesa elástica de Buffon no canto esquerdo. O gol não saiu, mas a 'maré vermelha' comemorou no minuto seguinte. Totti invadiu a área e caiu ao chão logo que foi combatido pelo zagueiro coreano. O árbitro Byron Moreno interpretou o lance como simulação de uma falta inexistente e aplicou cartão amarelo para o atacante da Roma. Como Totti já havia sido advertido no primeiro tempo, o amarelo virou vermelho e a Itália se viu com um homem a menos em campo.

Já no segundo tempo da prorrogação, faltando apenas sete minutos para a decisão por pênaltis, Park quase complicou tudo quando tentou tocar uma bola de calcanhar dentro da área. Gennaro Gattuso roubou e finalizou à queima-roupa, exigindo uma defesa magistral do goleiro Lee.

O 'gol de ouro' que sepultou a Itália na 'morte súbita' saiu faltando três minutos para o fim da prorrogação, aos 117. Lee Young Pyo cruzou na área italiana, Ahn se antecipou bem a Maldini e cabeceou firme no canto baixo de Buffon, que nada pôde fazer para impedir o gol coreano.

A profecia coreana se repetiu. Em 1966, foi a Coréia do Norte que tirou a Itália da Copa. Nesta terça, como já adiantava a provocação pintada nas cadeiras do estádio de Daejeon segunda-feira, "1966 de novo".

Ficha técnica
Coréia do Sul 2 x 1 Itália (0 x 1, 1 x 1, 2 x 1 na prorrogação ‘morte súbita’)
Estádio: Daejeon World Cup Stadium
Público: 38.588 espectadores
Árbitro: Byron Moreno (Equador)
Gols: Vieri (Itália), aos 18 do primeiro tempo, Seol Ki-Hyeon (Coréia do Sul), aos 43 do segundo tempo, e Jung-Hwan Ahn, aos 13 do segundo tempo da prorrogação
Cartões amarelos: Coco (Itália), Kim Tae-Young (Coréia do Sul), Totti (Itália), Tommasi (Itália), Zanetti (Itália), Song Chong-Gug (Coréia do Sul), Lee Chun-Soo (Coréia do Sul), Totti (Itália) e Choi Jin-Cheul (Coréia do Sul)
Cartão vermelho: Totti (Itália)
Coréia do Sul: Lee Woon-Jae; Song Chong-Gug, Choi Jin-Cheul, Hong Myung-Bo (Cha Doo-Ri 83) e Kim Tae-Young (Hwang Sun-Hong); Yoo Sang chul, Kim Nam-Il (Lee Chun-Soo) e Lee Young-Pyo; Park Ji-Sung, Ahn Jung Hwan e Seol Ki-Hyeon. Técnico: Guus Hiddink
Itália: Gianluigi Buffon; Christian Panucci, Mark Iuliano e Paolo Maldini; Gianluca Zambrotta (Angelo Di Livio), Damiano Tommasi, Cristiano Zanetti, Francesco Coco e Francesco Totti; Alessandro Del Piero (Gennaro Gattuso) e Christian Vieri. Técnico: Giovanni Trapattoni