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Consórcio discute Carnaval unificado no ABC
Ângela Corrêa, Illenia Negrin, Luciana Sereno e Sucena Shkrada Resk
Do Diário do Grande ABC
10/02/2005 | 13:59
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O presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, William Dib, vai apresentar aos prefeitos da região a idéia de fazer um carnaval unificado.”Essa discussão será levada a todos os prefeitos no Consórcio, no sentido de contemplar cada vez mais o público e fazer dessa importante data uma festa ainda maior e mais bonita para a região”, declarou  Dib por meio da assessoria de imprensa.

A maioria dos carnavalescos das escolas do ABC abraçou a proposta e apontou o fomento ao turismo e melhorias estruturais das agremiações como os principais resultados positivos da regionalização do Carnaval a médio prazo.

Um dos fervorosos defensores da regionalização é Sidnei Aparecido, o Chumbinho, presidente da Camisa Vermelha e Branca, uma das mais tradicionais escolas de São Bernardo. Ele carrega a experiência de anos de Carnaval no sambódromo do Anhembi, à frente da Acadêmicos do Tucuruvi, e não titubeia ao afirmar que a “unificação é uma alternativa inteligente que tem tudo para dar certo”. Chumbinho tem uma visão globalizada, de quem já vivenciou os maiores carnavais do país. “O Carnaval tem quatro dias, o suficiente para atender a quase todas as escolas. A cada dia pode desfilar um grupo”, opina.

Para ele, a disputa seria mais acirrada e com o crescimento das escolas o público da região que hoje vai ao Anhembi passaria a prestigiar o Carnaval do Grande ABC. “Os ingressos seriam baratos e a verba revertida em melhorias para a estrutura da avenida. Tudo é questão de planejar”, afirma Chumbinho.

Na região, hoje, Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema realizam a festa do Carnaval. As prefeituras custeiam as agremiações (veja quadro). Porém, os presidentes das escolas dizem que a verba é insuficiente para fazer um Carnaval luxuoso. Este ano, houve agremiação que gastou quase três vezes o montante cedido pela prefeitura.

Mauá, cidade que já chegou a ter o Carnaval mais rico da região, há oito anos não realiza a festa por falta de verba. A Prefeitura suspendeu o repasse e as escolas, sem dinheiro, deixaram de fazer a festa.

Neste ano, São Caetano foi a cidade que ofereceu subvenção maior às escolas, R$ 35 mil para cada agremiação. Mas é São Bernardo a cidade que mais gasta com a festa. Ao todo, a cidade investiu R$ 359 mil apenas em subvenções. É lá que está também a melhor estrutura para escolas e foliões (arquibancadas, segurança, iluminação da avenida). Neste ano, 32 câmeras reforçaram a segurança da avenida Aldino Pinotti. Por esse motivo, boa parte dos sambistas elege a cidade para a construção de um sambódromo regional. Eles apostam que a Prefeitura mais rica do Grande ABC dará o apoio que merece o Carnaval da região.

Em Diadema, seis entre 11 líderes de agremiações apontam São Bernardo como o local ideal para o pólo do samba. “É o melhor lugar. Eles têm feito um bom trabalho lá, a localização é ótima, fica no meio do caminho entre todas as cidades”, diz João Celso Silva, da Tradição Centro-Sul.

Aberta a discussão, não faltam sugestões dos sambistas. Para ensaiar a unificação, o presidente da Unidos da Vila Nogueira, de Diadema, Elpídio Madureira de Souza, sugere que haja a apoteose das campeãs de cada cidade. “O Carnaval seria mais acirrado. Haveria uma bela disputa”, avalia Carlos Lima, presidente da Raposa do Campanário, campeã de 2005 em Diadema.

A idéia tem aval também do presidente da comissão de festejos de São Caetano, Paulo Bottura. Ele levará a discussão para o prefeito José Auricchio Júnior, que promete dizer hoje qual a sua posição a respeito da mudança. “Com um Carnaval único, o custo iria cair significativamente. Sou favorável ainda que a cada ano fosse feito um rodízio entre os sete municípios para hospedar o desfile”, diz Botura.

Aventureiros – O presidente da Palmares, de Santo André, Luís Gonzaga, acredita que a unificação do Carnaval vai espantar os “aventureiros do samba”. “Acho ótimo que a gente regionalize. As escolas que desaparecerem nesse processo não vão fazer falta. Aí nós vamos conseguir separar quem trabalha sério, fazendo trabalho de base na comunidade, de quem só fica correndo atrás de subvenção”, sustenta enfático.

A unificação também colocaria um breque em desfiles feitos por atacado. Neste ano, a Seci, que levou o título de campeã de Santo André quarta-feira, e a Acadêmicos do Taí, da elite de São Bernardo, entraram nas avenidas com o mesmo desfile: samba-enredo e fantasias idênticas. Motivo: provável falta de verba para financiar dois desfiles. Como as duas desfilaram em dias diferentes, domingo e segunda-feira, as fantasias e alegorias foram reaproveitadas.

A dúvida, porém, é quanto à manutenção ou não de todas as agremiações e os diferentes valores das subvenções fornecidas pelas prefeituras. Daí a importância de privilegiar na pauta de discussões a criação de um fundo e de uma liga regionais. “Se não, vai ser uma bateção de cabeça. Terá muita gente opinando”, afirma a diretora da União das Vilas, de São Bernardo, Mirtes Cristina dos Santos Paiva.



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