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Os homens e o terço
Por Elaine Granconato
Diário do Grande ABC
15/04/2012 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Terço também é coisa de homem. A camiseta padronizada, o rosário nas mãos e uma cartilha de suporte bíblico são as armas usadas por eles no resgate da fé cristã. A tradição católica da reza, predominantemente comandada pelas mulheres, hoje faz parte da programação religiosa de pelo menos 47 igrejas do Grande ABC - do total de 98 paróquias. O tom de voz forte e marcante da ala masculina entoa os cânticos e nas orações.

A igreja católica apostou na devoção a Nossa Senhora para trazer a ala masculina para o chamado Movimento Terço dos Homens. E a proposta deu certo. Na região, a Paróquia Bom Jesus de Piraporinha, em Diadema, divisa com São Bernardo, foi a primeira igreja no Estado de São Paulo a instituir o rosário dos homens há oito anos.

A iniciativa pioneira prossegue até hoje. A equipe do Diário esteve na quinta-feira à noite para acompanhar o momento de oração - a repórter era a única mulher. Ali, 48 homens, com a imagem da Virgem de Fátima estampada na camiseta amarela, demonstraram que rezar o terço é uma catequese continuada, como bem disse o padre Miguel Lencastre, um dos pioneiros na divulgação da oração do terço em reuniões masculinas.

Coordenador do Movimento Terço dos Homens no Estado de São Paulo, o gerente comercial Francisco Mamede da Silva, 60 anos, morador do bairro Jordanópolis, em São Bernardo, explicou que a ação religiosa surgiu exatamente de que só mulher reza o terço. "O homem é inibido para rezar, mas entre a gente isso não ocorre", afirmou.

Durante o terço, existe o revezamento entre a ala masculina para rezar os quatro mistérios como forma de jogar de lado a inibição. "Os mais tímidos, com medo de errar, ficam a semana inteira rezando", confidenciou Wilson Alves dos Santos, ex-metalúrgico e hoje aposentado, 74 anos, que é o secretário e um dos coordenadores do movimento na paróquia do Piraporinha.

Aliás, fez questão de colocar os nomes da repórter e do fotógrafo para constarem no livro ata de registro dos devotos nas reuniões semanais dos homens - todas as quintas-feiras. "Depois guardamos o livro no arquivo histórico da igreja", ressaltou Santos, que tem catalogado todos os dados e números desde o início da atividade na paróquia.

Um dos ex-coordenadores do movimento na Matriz de Santo André, região Central da cidade, o químico Roberto Gimenes, 46 anos, relatou que começou a participar da reza do terço dos homens, em 2006, para receber uma graça pessoal. E de lá para cá não mais parou. "Hoje é uma necessidade pessoal", garantiu, convicto, com o terço de pedras coloridas entrelaçado às mãos.

Talvez a declaração do arcebispo de Juiz de Fora (MG), dom Gil Moreira, de que "o terço dos homens é a ação do Espírito Santo no meio da igreja", seja a melhor definição para um movimento que cresce em número de adeptos homens pelas igrejas do País.


Matriz Santo André quer atrair mais público

Advogados, dentistas, médicos, empresários, engenheiros, metalúrgicos, químicos, enfermeiros, aposentados e até mesmo um ator têm encontro marcado todas as quartas-feiras, às 20h30, na Matriz de Santo André, tradicional igreja que completará 102 anos de fundação em novembro. Muitos vão direto do trabalho e jogam o cansaço de lado para os momentos de oração com o terço dos homens, atividade que chega em seu sexto ano.
EMEm 2011, a média de homens participantes foi de 100. Mas a nova equipe de coordenação quer aumentar o número. “Nosso único objetivo é atrair mais pessoas para rezar”, afirmou o empresário Paulo Afonso Cardoso, 61 anos.

Ao contrário da Paróquia Bom Jesus de Piraporinha, em Diadema, o terço dos homens da Matriz tem presença feminina, conforme constado pelo Diário na quarta-feira. No entanto, a predominância é da ala masculina, principalmente no pelotão de trás da igreja.

Na Matriz, a camiseta verde será substituída por outra nas cores branca e azul em homenagem a Nossa Senhora.

Para o engenheiro Alfredo Nicolete, 54, a participação no movimento só fortaleceu ainda mais a sua fé. “Um momento de oração especial”, afirmou.

Desde o começo do terço na igreja, o técnico em segurança Marcos Lourenço, 48, se emocionou ao definir o que representava aquele momento. “Não consigo não me ver aqui”, avaliou. Na mesma noite, o jovem engenheiro Alan Sega, 24, estreava no terço dos homens, levado pelo pai Antônio Oduvaldo Sega, 57. “A sensação foi boa e de paz. Pretendo voltar”, garantiu.


Romaria nacional deve reunir 10 mil em Aparecida

O Santuário de Nossa Senhora Aparecida abre suas portas para a 4ª Romaria Nacional do Movimento Terço dos Homens, que ocorre dia 19 de maio, a partir das 8h. O Grande ABC, mais uma vez, estará representado.

São Paulo, em participação nessa romaria, só perde para os Estados de Minas Gerais e Goiás, respectivamente, primeiro e segundo lugares. Na programação, a reza solene do terço está prevista para as 15h.

A meta do movimento nacional, segundo o coordenador do Estado, Francisco Mamede da Silva, é reunir 10 mil homens dentro do santuário, localizado na cidade de Aparecida, no Vale do Paraíba, a 188 quilômetros de São Paulo.

O que é festejado pelo irmão João Batista de Viveiros, um dos coordenadores do Terço dos Homens no Santuário. “Se cada homem que reza o terço tornar-se um apoiador e multiplicador do nosso convite, se Deus quiser, essa meta será atingida”, avaliou.

Na região, os homens interessados devem procurar pelo coordenador Mamede para mais informações. O endereço eletrônico é o fmamede@yahoo.com.br.




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