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Gal roqueira

Entre faixas inéditas com sua voz e outras revisitadas, cantora aposta em pegada rock e tropicalista

Por Vinícius Castelli
19/11/2017 | 07:00
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Marcos Hermes/Divulgação


 Gal Costa é plural, livre de preconceitos e uma guerreira da arte no Brasil. A cantora mostra que está em ótimo momento e mergulha sua poderosa voz em riffs de guitarra e arranjos psicodélicos e pesados, e traz para 2017, mas sem soar datado, um bocado do que foi a Tropicália e o rock nos anos 1960 e 1970. Pitadas de bossa não ficam de fora. Tudo está escancarado em seu lançamento, Estratosférica Ao Vivo (Biscoito Fino), que ganha versão em CD e DVD (R$ 49,90 e R$ 56,90, em média).

O material, que celebra cinco décadas de estrada de Gal, foi gravado em junho, em São Paulo, e é resultado de espetáculo que estreou em 2015, um dia depois de a artista completar 70 anos. O repertório mistura canções de seu último trabalho de estúdio, Estratosférica, como Sem Medo Nem Esperança, e outras revisitadas por Gal, caso de Objeto Não Identificado, assinada por Caetano Veloso, além de inéditas em sua voz, como Cartão Postal, de Rita Lee e Paulo Coelho. Gal conta ao Diário que as canções, que não haviam sido gravadas por ela ainda ficaram tão boas no show que acabaram valendo o registro.

A cantora aposta também em mistura de temas de artistas de sua época tropicalista, como Tom Zé, de quem empresta Namorinho de Portão, a outros de geração mais nova, como Marcelo Camelo, com a inédita Por Um Fio. Há ainda uma versão para a faixa de Mallu Magalhães Quando Você Olha Pra Ela. Gal conta que ter essa mistura de compositores é “muito enriquecedor. Tem Milton, Mallu, tantos outros incríveis. E agora, recentemente, conheci melhor o trabalho do Nando Reis, estou amando as composições dele”, diz.

Momento de piscodelia no show fica por conta de Mal Secreto, tema de Jards Macalé e Wally Salomão. A canção, com refrão poderoso, é um dos destaques. Outro momento que rouba a cena é quando Gal assume o violão, em momento intimista, e ilustra o repertório com Sim, Foi Você, primeira canção de Caetano Veloso que a cantora gravou.

Quem assina o roteiro do show é o diretor-geral Marcus Preto que, segundo Gal, cuidou para que o projeto fosse com ‘pegada’ rock. “Eu já queria mesmo show mais roqueiro, afinado com o começo da minha carreira no tropicalismo. Aí Marcus trouxe a música da Rita Lee, que encaixou lindamente”, explica.

Ela conta que sugeriu ao Pupillo (diretor musical e baterista do grupo Nação Zumbi) e aos meninos (banda) que transformassem a música do Benjor em um rock. “E assim foi feito. Aliás, as duas músicas dele viraram rocks: Cabelo, que eu já tinha gravado no disco Plural, e Os Alquimistas Estão Chegando, que nunca tinha cantado”, explica.

Em reflexão sobre o momento pelo qual passa o Brasil, Gal acredita que a arte deve ser usada como ferramenta para alertas sobre censura e demais assuntos. “A música, principalmente, tem esse poder de cura porque consegue entrar na alma das pessoas, acalentar, fazer pensar, tirar da zona de conforto e também reconfortar. Arte não pode ser censurada. Fico assustada com as coisas que estão acontecendo. Nos tempos da ditadura, que vivi com intensidade, essa censura vinha só de cima, dos próprios militares. Hoje, além da censura vir de cima, também vem de pessoas comuns.”




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