O atual vice-presidente do governo do Iraque, Ibrahim Jaafari, da lista xiita apoiada pelo grande aiatolá Ali Sistani e vencedor das recentes eleições gerais, é candidato ao cargo de primeiro-ministro. "Jaafari foi escolhido após negociações com os integrantes das demais chapas", declarou uma candidata da AUI (Aliança Unificada Iraquiana), Khanan al-Obeidi.

"O outro candidato potencial, o atual ministro da Economia, Adel Abdel Mahdi, desistiu", acrescentou. Tanto Abdel Mahdi como Obeidi são membros do CSRII (Conselho Supremo da Revolução Islâmica no Iraque), liderada por Abdel Aziz Hakim, o primeiro da lista da AUI, apadrinhada por Sistani.

A AUI saiu vitoriosa nas eleições gerais com 48,1% dos votos, enquanto a formação do atual primeiro-ministro, Iyad Alawi, um xiita laico, conseguiu apenas 13,8% da votação. A lista da aliança curda, a segunda mais votada, nomeou Khalal Talabani como candidato a primeiro-ministro ou a presidente do Iraque.

Jaafari, 54 anos, voltou do exílio assim que o regime de Saddam Hussein foi derrubado em abril de 2003, tendo sido o primeiro presidente do Conselho de Governo instaurado pelos americanos.

Antes das eleições, Jaafari dizia que queria uma pessoa "honrada" no posto de primeiro-ministro e "com vontade de servir ao seu país". "Abandonei tudo por meu país. Se o povo pensa que posso servi-lo, estou preparado", comentou numa ocasião. Sóbrio e tranqüilo, Kaafari se mostrou conciliador com os sunitas e conseguiu ganhar seu respeito.

Vários movimentos sunitas e um representante da corrente do líder xiita radical Moqtada al-Sadr realizaram uma reunião nesta terça-feira na qual exigiram datas concretas para a retirada das forças estrangeiras, como condição para participar da redação da nova Constituição.

Também querem garantias de que as acusações políticas não serão julgadas em função de princípios religiosos, raciais ou étnicos e reclamam que se reconheça "o direito do povo à resistência" aos ocupantes.

A Comissão Eleitoral anunciou nesta terça-feira que vai examinar três queixas de supostas irregularidades nas eleições antes de validar os resultados.

Enquanto isso, mais seis iraquianos morreram na região nas últimas 24 horas, em ataques dos rebeldes em Bagdá e ao norte da capital, segundo fontes de segurança iraquianas. Perto de Samarra (120 km ao norte de Bagdá) foram encontrados corpos de vários soldados iraquianos executados.